Review: Chocobo's Mystery Dungeon Every BUDDY! (PS4, Switch)

Mystery Dungeon é um dos gêneros mais antigos de dungeon crawler, uma variante do gênero roguelike desenvolvida pela Chunsoft (atualmente conhecida como Spike Chunsoft) que ganhou notoriedade graças ao spin-offs baseados na série Pokemon.
Há alguns anos a Square lançou Final Fantasy Fables: Chocobo’s Dungeon para o Wii, juntamente com um port para o DS que ficou restrito ao Japão, e a série ficou esquecida até a versão remaster para Nintendo Switch e Playstation 4: Chocobo’s Mystery Dungeon EVERY BUDDY!

Cid e Chocobo são dois aventureiros a procura de um tesouro conhecido como Timeless Power, localizado em uma torre no meio do deserto. Ao encontrar o artefato a dupla se depara com Irma e Volg, que também estão atrás do item e há uma confrontação. Há um clarão e os protagonistas são transportados para a cidade perdida de Memoria, que desaparecera anos atrás sem deixar vestígios e todos os habitantes apresentam sintomas de amnésia, que se agrava toda vez que o sino da cidade ressoa. Uma White Mage chamada Shirma convida Chocobo e Cid para ficarem na fazenda de sua tia Stella, onde os efeitos do sino não alcançam. 

Durante a noite, um ovo cai do céu contendo um bebê chamado Rafaello, com poderes que permitem que Chocobo entre no ‘labirinto das memórias’ das pessoas afetadas pela amnésia. Ao mesmo tempo, o fogo da cidade perde seu calor e a água fica turva, além de selos em certas áreas se romperem. Cabe ao Chocobo investigar estes acontecimentos e descobrir os motivos por trás do sino e das memórias desaparecidas.

O roteiro é interessante, mas simples. Se trata apenas de um pano de fundo para a exploração e mecânicas, com referencias aos elementos dos Final Fantasy clássicos. Existem várias histórias extras, com as dungeons menores elaborando o passado de vários NPCs – tais experiências também garantem bônus como novos Jobs ou melhorias para as lojas da cidade.
Existe uma side-quest nova que pode ser acessada no celeiro da fazenda, estrelando um moogle e uma chocobo fêmea criados especialmente para esta edição.

Este game é focado na exploração de dungeons com andares gerados aleatoriamente e o objetivo é seguir até as escadas do próximo andar até encontrar o chefe. Elaborado em um sistema de grid,  o jogo é em turnos: toda vez que o jogador se movimenta ou ataca sinaliza um turno, e enquanto não houver uma ação a inteligência artificial não toma a iniciativa. Se a energia do personagem chegar a zero e “morrer”, Chocobo é transportado para a cidade e perde todos os itens equipados. Também existe o fator de que o inventário é limitado e existe um medidor de fome, adicionando fatores que requerem um pouco mais de estratégia: será que o jogador deve continuar até o próximo checkpoint e arriscar ficar com fome ou escapar para a cidade e reabastecer os itens antes de tentar de novo com um job e um estilo diferente? 

Na versão original as dungeons não eram tão difíceis, porém houve um rebalanceamento e o game está um pouco mais difícil agora. Também há os dois Jobs que foram criados para a versão do DS e outros dois exclusivos para o remaster, mas a maior diferença é o sistema de buddy.

Este novo sistema permite que o jogador colecione Buddy Points (BP) ao derrotar inimigos de um determinado tipo, e ao coletar um certo numero de pontos é possível ter um NPC acompanhando o chocobo durante a exploração. Este personagem segue o jogador, atacando automaticamente se está perto de um inimigo (após a ação do chocobo, é claro) e é possível acionar um ataque especial exclusivo do mesmo. O nível deste personagem é sempre o mesmo do principal, então não é necessário ficar preocupado em ganhar experiência para o seu buddy favorito separadamente.

Algo que foi removido da versão original foi o Pop-Up Duel, o game de cartas. Não que faça alguma diferença, não era um modo popular ou que tinha alguma relevância na história. Em compensação, houve melhorias no sistema de pesca, com a implantação de um mini-game que pode dar itens para ajudar na exploração dos andares ou aumentar o depósito de itens na cidade.

Há uma nova dublagem, com novos atores muito melhores que a versão original – exceto o chocobo. Ao invés de utilizar o som original do personagem resolveram dublar a voz, e o resultado é levemente irritante.
Também não há grandes melhorias no visual, com apenas texturas em alta resolução. Se o título não era impressionante na época do Wii, ficando para trás do Crystal Chronicles do GameCube, esta versão é ainda mais datada e artificial. Na versão handheld do Switch não é tão notável, mas em docked ou no PS4 a falta de cuidado com os gráficos é gritante. As dungeons são repetitivas e sem inspiração, a maioria das variantes dos inimigos se trata apenas de uma textura diferente. Não houve nenhum esforço da Square para melhorar o título em termos de visuais, a grande (e única) novidade é o sistema de buddy.

Este título é para quem gosta de dungeon crawlers, como os Pokemon Mystery Dungeon ou os Chocobo Dungeons originais do Playstation 1, ou quer um game para passar o tempo enquanto não encontra um outro título mais interessante e não liga para gráficos de última geração.