Review : Pokemon Sword & Shield (Switch)



Com a morte silenciosa do 3DS, a Game Freak anunciou o lançamento do próximo Pokemon para o Nintendo Switch. Era primeira vez que um título “principal” da série seria publicado exclusivamente para um console ao invés de um portátil e havia muitas expectativas com o lançamento. Entretanto, logo começaram as “controvérsias” conforme os trailers e anúncios eram feitos: desde criticas a animação e até mesmo a qualidade das arvores no cenário, culminando com o vazamento que quase a metade do pokedex foi eliminado sem previsão de adicionar novos por transferências ou futuros lançamentos. Apesar de tudo isto e de ameaças de boicote, Sword and Shield quebrou todos os recordes de venda da série, o titulo mais vendido do Switch e entre os mais games mais vendidos do mês em geral.

A história se passa na região de Galar, inspirada na Inglaterra. Galar tem duas particularidades com relação às outras: pokebattles e ginásios são tratados como esporte, não muito diferente da paixão dos britânicos pelo futebol; e a habilidade de dynamax. Em alguns pontos específicos, como nos ginásios, há uma concentração de energia permitindo que os pokemons fiquem gigantes.  O irmão mais velho do seu rival é o grande campeão que jamais perdera uma batalha e é uma celebridade da região, e ao visitar a família ele presenteia o jogador e o rival (chamado Hop) com um starter. A professora local, Magnolia, é especialista nos estudos de Dynamax e pede que sua neta Sonia , que também é a assistente dela, viaje pela região para investigar o fenômeno e a relação com a lenda local do “dia mais escuro”.  Com isto, Hop, Sonia e o jogador saem do vilarejo para mais uma jornada pokemon.



Apesar do começo promissor e o rico folclore britânico como base, a história é pouco desenvolvida. Há vários antagonistas sem motivação ou mal aproveitados, e o pokemon lendário que desencadeia a trama é menos imponente do que as gerações anteriores em termos de escala. Também não há muito o que dizer sobre este pokemon, ou os lobos lendários que auxiliam o jogador e o rival. Ao menos existe uma quest no pós-game que foca na captura dos lobos, mas não é muito elaborada.
O Team Yell, que seria o equivalente a Equipe Rocket deste jogo, são inócuos: são apenas punks que torcem a favor de uma rival, chamada Marnie. É um grupo interessante que não tem relevância nenhuma na história – não é que eles sejam ruins, apenas não foram bem integrados no enredo.


Um dos pontos de maior foco do material de divulgação é a área aberta, uma inovação para a série. A “Wild Area” é divida em norte e sul, ligando a estação de trem com as cidades de  Motostoke e Hammerlocke, duas das três localidades centrais do game.  Ambas as áreas são dividas em localidades menores, com pokemons variados e  de diferentes níveis, com o horário e o clima modificando a disponibilidade deles. Também existem pontos de raid onde o jogador pode enfrentar pokemons selvagens com Dynamax ativos, contando com a ajuda de NPCs ou amigos via modo online, que requer a assinatura do serviço da Nintendo. Em teoria, uma área ampla para o jogador explorar é uma ideia muito interessante e que já foi realizada com sucesso em outros títulos da Nintendo, como o Zelda Breath of the Wild. Entretanto, a área é muito restrita se comparado com títulos com propostas similares,  ligando apenas três localidades relevantes do mapa e não realizando todo o seu potencial ;mas a localidade é vazia e desinteressante, um desperdício de espaço.  O jogo poderia usar esta área para conectar mais localidades e até mesmo interligar rotas, mas não o faz. Também seria interessante se houve uma outra área aberta ligado as duas maiores cidades da região, Hammerlocke e Wyndon, ao invés de um passeio de trem e a rota 10, que é bem curta e pouco interessante.



Uma mecânica aproveitada de Let’s Go Pikachu/Eevee é o fato dos pokemons serem visíveis no mapa, com shinys e especiais claramente demarcados. Também retornam os candies de experiência, que são conseguidos via raids, mas desta vez eles não são apenas restritos apenas a um tipo de pokemon. E, assim como os títulos de Let’s Go, o jogador não precisa ir em um Pokestop para acessar o computador e manusear os pokemons da party. Outra mudança bem-vinda é o fato que todo  Pokestop tem um NPC para lembrar os golpes esquecidos sem custo para o jogador, estimulando a experimentação e variedade de estratégias.
Outra novidade é que além dos pokemons exclusivos em cada versão, agora também há gym leaders exclusivos: na versão Sword enfrenta-se Bea, especializada em Fighting, e Gordie, especializado em Rock; enquanto a versão Shield há Allister, com foco em Ghost, e Melony, especializada em Ice.



Em termos gráficos, o titulo deixa a desejar. Nenhuma das reclamações feitas durante o desenvolvimento foi resolvidas, reciclando os modelos 3D dos games anteriores --- apesar da Game Freak alegar que um dos fatores de diminuir o numero de criaturas é que eles estavam refazendo todos os gráficos e animações, o que não é verdade. A maioria dos pokemons novos não agradaram, com raras exceções. Comparando, Let’s Go é mais agradável visualmente do que este novo título, apesar de ser sido lançado no ano anterior. 


As localidades existentes contém pouca variedade, mas a influencia da cultura inglesa é bastante notável em vários momentos: Wyndon é obviamente baseada em Londres, enquanto Circhester é inspirada na cidade de Bath por exemplo, além de referencias às minas de carvão ao norte da Inglaterra e locais de escavações arqueológicas . O Team Yell e alguns pokemons tem forte influencia punk e rock com vários símbolos dos movimentos, além de monstros focados em fadas e outras criaturas da mitologia céltica como poltergeists e gremlins. 
As animações dos gym leaders e dos rivais são cheias de energia e personalidade, ao contrário dos pokemon que foi aplicado um esforço mínimo. Até mesmo nas animações dos starters e dos legendários sofre com a falta de empenho que é alvo de vários videos no youtube mostrando a "qualidade".



Os efeitos sonoros são os mesmos de sempre, os mesmos sons digitalizados para os pokemons exceto Pikachu e Eevee, provavelmente aproveitados do Let’s Go. Não há vozes, como de costume. Pelo menos a trilha sonora é muito boa, com influencia de músicas tradicionais da Inglaterra.

Era previsível que Sword and Shield dificilmente corresponderia as expectativas dos fãs da série,  entretanto o tempo curto de produção e possíveis outros fatores interferiram na qualidade do game. O titulo contém ideias interessantes porem faltou uma execução que aproveitasse melhor o potencial do titulo. Se fosse um titulo para o 3DS, seria um bom game de pokemon. Como um título para o Switch, é bastante básico. Se você é fã da série, é um game divertido mas não espere algo revolucionário.







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