Review - The Wolf Among Us (PS3)


Há muito tempo os contadores de histórias sabem que uma formula certa para um bom conto é usar o material já disponível como inspiração. Por exemplo, a Bela Adormecida foi influenciada pelo conto da valquíria Brunhilde na saga Völsunga; enquanto a Branca de Neve foi formulada a partir te cinco histórias diferentes, além de inspirada por duas pessoas reais e recentemente emprestou o próprio nome de uma outra história. A Telltales usa uma formula parecida: usando propriedades intelectuais já conhecidas, ela reinventou um gênero que já fez sucesso – o adventure – para um meio de contar uma história em um universo já existente e fez um grande sucesso com The Walking Dead .

Depois do sucesso de TWDG eles se evolveram com uma outra marca oriunda de quadrinhos, desta vez da Vertigo (uma subsidiaria da DC comics, focada em histórias mais místicas e de cunho mais adulto) para mais um sucesso baseado em uma série de sucesso chamada Fables (Fábulas aqui no Brasil, publicada pela Panini). Ganhadora de catorze prêmios Eisner e aclamada pela IGN como “ a melhor série de quadrinhos sendo produzida atualmente” em 2011, Fables narra a história de vários personagens de contos de fada e folclore que fugiram de suas terra natais quando o terrível Adversário começou uma invasão violenta e se refugiaram no nosso mundo, formando uma comunidade clandestina em New York chamada Fabletown.



The Wolf Among Us acontece aproximadamente 20 anos antes do inicio de Fables, nos anos 80 seguindo os passos de um dos protagonistas da série, o lobo mau em pessoa e ironicamente o xerife de Fabletown: Bigby Wolf. Era mais uma noite de trabalho para ele – normal como ser um lobo gigante lidando com outros seres fantásticos consegue ser – quando um caso de assassinato literalmente aparece em sua porta e acaba revelando ser algo muito maior que isto e que pode revirar toda a comunidade de cabeça para baixo ou até mesmo destruir tudo.



Assim como nos quadrinhos originais os jogadores são introduzidos ao personagens de uma maneira bastante forte: um mistério. A história revisa alguns velhos conhecidos dos leitores, como Bluebeard e o casal A Bela e a Fera, enquanto introduz novos ao elenco como a Pequena Sereia e o Lenhador.



Lançado no modelo de episódios, a principio a história seria diferente, porém alguns jogadores descobriram quem era o assassino quando o segundo episodio foi lançado: era para ser o outro personagem principal de “ O Menino e o Lobo”, focando em matar mulheres próximas ao Bigby. Então precisaram reescrever os episódios seguintes e vários pontos da história foram descartados : o plot envolvendo Cinderela e uma de suas irmãs; além do envolvimento de uma investigadora da policia de NY não puderam ser aproveitados.

Apesar da mudança brusca da história, o jogo tem uma narrativa muito forte que é característico da Telltales, chegando a ser nominado para o premio de melhor história e jogo do ano pela Academy of Interactive Arts & Sciences em 2014, jamais perdendo o fôlego, mas perdendo para títulos mais populares como Dragon Age e Shadows of Mordor.


Com a formula consagrada em TWDG e mantendo uma interface simples porém intuitiva, o jogador dificilmente fica sem saber o que fazer e a história é moldada pelas decisões tomadas juntamente com a maneira que os outros personagens reagem ao protagonista. Bigby pode ser compreensivo ou bater primeiro e perguntar depois, e isto reflete no desenrolar da história mas nenhuma delas realmente importa já que o final é decido nos últimos momentos do episodio 5. Com uns quatro finais que essencialmente não fazem muita diferentes entre si, o jogo deixa aberto uma brecha para uma segunda temporada.



Embora os modelos cel-shading sejam bastante simples para o padrão da geração atual, eles fazem um ótimo trabalho em capturar a essência dos personagens, tendo um cuidado muito especial nas expressões e movimentos. Bigby se movimenta como um lobo, com passos calmos e um andar bem característico além de ser fácil de ver as variações de emoções dele e alguns tiques por mais sutis que sejam. É quase como um filme ou uma animação 3D interativo em vários momentos, com uma ambientação espetacular. Claro que não é perfeito, infelizmente a Telltales é conhecida por vários glitches mas não é nada que vá interferir no jogo – ao menos no PS3, dizem que a versão do Xbox sofre nesta parte.



Outro destaque é a parte sonora: vários atores participaram de outros lançamentos da Telltales, principalmente de TWDG e conta com nomes como Roger L. Jackson, Kathryn Cressida e Kid Beyond em participações especiais. A voz do protagonista sempre é um fator importante para qualquer media e Adam Harrington foi uma escolha excelente para Bigby. A trilha sonora também foi muito elogiada, sendo nominada para vários prêmios mas títulos de mais visibilidade acabaram vencendo.


Considerado um sucesso, o jogo também acabou sendo adaptado em quadrinhos lançado semanalmente na linha digital da Vertigo, expandindo a história de vários personagens como Bloody Mary e os Tweedles. No entanto a última edição foi completamente diferente do que aconteceu no jogo e a maneira que foi concluída desagradou os fãs da série.


TWAU é um bom lançamento da Telltales, com uma história excelente e personagens memoráveis. Com várias combinações, é um destes jogos que vale a pena revisar para ver as reações diferentes ou prestar atenção nos detalhes para ver as referencias ao material original. Para quem gosta de Fables ou se divertiu jogando TWDG é uma boa pedida.

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