Review - Breath of Fire IV (PS1)


A era do Playstation foi ótima para games de RPG, graças ao Final Fantasy VII e ao "boom" vindo da época 16-bits. Uma das séries que passou do SNES para o PS1 foi Breath of Fire da Capcom. Existe também uma versão para PC disponível no Japão e na Europa e pode ser comprada pela PSN.

A história

O mundo está em tempos tumultuosos, com uma trégua na guerra entre o Império Fou e a Aliança das Nações. Este conflito dura há tanto tempo que muitos nem fazem ideia do por que estão lutando ou por que o primeiro imperador Fou Lu a iniciou.
Nestes tempos de falsa paz Nina, a princesa de Windia, junto com o chefe da tribo Woren chamado Cray procuram por Elina, a irmã de Nina. Ao passar pelo deserto, o dragão da areia ataca o veículo da dupla e quando Nina vai procurar partes para concertar a máquina acaba tendo um episódio estranho com um dragão desconhecido e encontra um jovem com amnésia no meio de uma cratera.




Assim como seu antecessor, este game também conta com um segundo protagonista, o próprio Fou Lu, que acordou depois de séculos de confinamento. O objetivo dele é voltar a capital imperial e retomar seu trono, algo que o atual imperador e seus generais não veem com bons olhos e estão determinados em para-lo, naturalmente. Estes trechos são curtos, mas dão uma boa noção da história e das motivações dele.



A história tem vários clichês, com muitos elementos do primeiro Breath of Fire e do 3 mas arranjados de maneira diferente. Em si ela é até mesmo curta para um RPG da época, com umas 20h de jogo é possível zerar sabendo onde tem que ir (e não é difícil saber).



O jogo

Há um sistema isométrico de visão e na maioria dos cenários é possível para girar a câmera em 360°, o que ajuda em certos puzzles e na navegação dos cenários. Cada personagem tem uma habilidade no campo, mas apenas dois deles realmente são usados para avançar no jogo. Praticamente todo segmento do jogo tem algum puzzle para abrir o caminho ou um mini-game para o grupo continuar. A maioria são divertidos e não há dois mini-games iguais, todos eles podem ser acessados livremente depois de certo ponto do jogo.



Na tela de mapa o grupo só anda de um ponto determinado para outro, e na mesma tela além de salvar dá para fazer o grupo acampar. Neste acampamento, Ryu pode conversar com os membros e acessar um mini-game do vilarejo das fadas. Este vilarejo é uma versão simplificada de um simulador de cidade, onde o jogador manda as fadas fazerem funções diferentes para ajudar a reconstruir o vilarejo delas enquanto também tem que ficar de olho nas reservas de comida. Em troca, elas podem ter shops para ajudar, dar acesso aos mini-games, artworks e trilha sonora por exemplo.



O sistema de mestres do jogo anterior voltou. Cada personagem pode estudar com certos mestres ao redor do mundo e ao preencher os requerimentos aprendem novas habilidades e ganham certos bônus em batalha, como ressuscitar depois de morrer ou facilidade para aprender habilidades de inimigos. Aliás, um dos pontos importantes do jogo é aprender estas habilidades, basta ter algum personagem bloqueando no turno que o inimigo usar e torcer para aprender (depende do personagem a chance de sucesso). Estas habilidades podem ser trocadas de personagem usando um item chamado Aurum e tanto estas quanto as personal skills podem ser usadas em combos para aumentar ainda mais o dano.



Na batalha, qualquer personagem pode entrar e sair da linha de frente a qualquer momento, mas isto pode alterar a ordem do turno que é ATB. Se escolher que um personagem mais lento seja o primeiro a ter uma ação, os inimigos podem atacar antes. Faz parte da estratégia escolher cuidadosamente qual dos seus personagens vai ser o primeiro.



Como era de se esperar, Ryu pode se transformar em um dragão. Durante a história ele adquire outros tipos e também pode fazer pacto com os outros dragões para invoca-los em batalha (que nem summons) mas a um preço: uma vez invocado, um dragão só pode ser usado de novo após 3h. Outro ponto que chama a atenção é que os personagens que morrem durante a batalha são ressuscitados ao final, porém há uma redução temporária de HP por algumas horas ou até dormir em um inn apropriado. Para personagens com menos HP como Nina ou Scias isto pode ser um problema.
Algumas armas do jogo fazem o personagem atacar duas vezes ou tem propriedades diferentes, então nem sempre a melhor arma disponível para compra pode ser a melhor para uso naquele momento.



É um game com certa complexidade mas fácil de jogar. Nem todos os pontos do jogo ou mini-games podem agradar a todos, mas eles dificilmente duram mais do que deveriam. Também há dois finais diferentes que basta mudar algumas decisões durante a batalha final e um New Game +, com itens e bônus exclusivos para a segunda rodada.

Censura?

Apesar dos grandes avanços se comparado com a 'pureza' do SNES e do GEN, o jogo teve pelo menos uma cena excluída totalmente (as garotas do grupo tomando banho em águas termais) e uma censurada (não mostraram a decapitação de um personagem). Embora o jogo fale sobre coisas terríveis e mostre algumas cenas mais fortes, não havia tanto motivo para cortar esta última, mas também não fez falta. E para um jogo que mostra um nu frontal masculino logo no começo (calma, com razão), o que são garotas dentro de termas só com a cabeça para fora? Difícil de entender.

Gráficos

É uma mistura de cenários em 3D com personagens em 2D e alguns chefes ocasionais e outros elementos também em 3D (como os dragões).
Os sprites são lindos, cheios de detalhes e animações. Apesar de pequenos, é maravilhoso ver os tecidos e os cabelos (principalmente do Fou Lu) e a grande quantidade de quadros que Ryu, Nina e todos os outros tem.
Todos os segmentos importantes tem vários efeitos de câmera que embora sejam limitados pela engine e pela tecnologia são de encher os olhos.



As inspirações visuais do jogo são bastante óbvias: boa parte do jogo se passa em regiões desertas, similar ao Oriente Médio; a tribo Wotan é muito baseada nos nativo americanos; Windia é a única região mais "Europa Medieval fantasia"; a região do Império Fou é obviamente chinesa (inclusive o interior rural) e há uma região similar aos povos incas, mas muito vagamente. É uma escolha interessante e que dá uma característica bem única a este game. Também há uma grande variedade de raças semi-humanas como pessoas-cachorro, sapos, kitsunes e tantas outras, deixando o mundo ainda mais variado.
O problema é que alguns cenários são muito pesados e em uma cidade são tantas vielas que é difícil ver o que está acontecendo. Em alguns momentos há um leve slowdown, mesmo quando o game está rodando em um PSP, mas nada que vá causar algum problema.



Som

A trilha sonora foi composta por Yoshino Aoki, que também compôs Breath of Fire III, três títulos da série MegaMan Battle Network e Half-Minute Hero. Ela também é a que faz o vocal do tema da Roll em Marvel vs Capcom (Kaze yo, Tsutaete). A trilha em si é ótima, que combina muito bem com os locais e as ações em si. Muitas delas são inspiradas na região, claro, então há um tom mais "euro-asiatico" em vários momentos com vários instrumentos de sopro e cordas variadas. As músicas de batalha e das dungeons são na medida certa, sem serem enjoativas (para falar a verdade, "Bastard Sword" e "By the Numbers" são ótimas).



Uma surpresa é que o jogo contém vozes na batalha. Claro que os monstros e os chefes tem sons genéricos, mas Ryu e seu grupo falam o tempo inteiro durante os combates. Ryu é dublado por Kappei Yamaguchi (Ranma Saotome, Inuyasha e L); Nina tem a voz de Kyoko Hikami (que também fez a voz japonesa das Ninas de BoF3 e BoF5), Isshin Chiba empresta a voz para Fou Lu e para o Cray (Dio Brando de JoJo, Jedah de Darkstalkers e Jin Kazama) entre outros nomes. A Capcom não mudou as vozes e nem cortou como é costume fazer, mas também não se deu ao trabalho de colocar uma legenda na abertura. Como não removeram ou mudaram a música, não é algo ruim.



Conclusão

Breath of Fire IV é um dos melhores RPGs da geração, embora curto. Depois de 12 anos desde o lançamento, os visuais, a trilha e as mecânicas continuam excelentes, altamente recomendado.

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2 Comentários

  1. Que post mais completo! Poxa eu curtia pra caramba esse game na época do PSX...infelizmente meus amigos jogaram mais do que eu e me deram uma imensidão de spoiler na época que até desanimei de terminar depois XD
    O lance de se jogar com o "vilão" Fou Lu ao longo do jogo era muito interessante pra poder ver os dois lados da moeda! Depois do Breath of Fire original esse pra mim é o melhor!

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  2. o melhor Breath of Fire já feito. do BOF 1 ao BOF 3 são incríveis, mas foi a partir do 4 game da série, que conheci o Ryu e a Nina. zerei ele duas vezes do inicio ao fim. e a luta contra Fou lu é ferrada. e as transformações do Ryu aqui lembram um Super Sayanjin 4, o que é bacana. já a sua continuação....é tão ruim quanto uma batida de trem. nem merece o nome do jogo

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