Review - Final Fantasy VIII (PS1)



Lançado em 1999 para o Playstation, Final Fantasy VIII foi votado uns dos jogos favoritos dos japoneses na Famitsu e deteve o recorde do Final Fantasy que vendeu mais rápido, perdendo apenas para o Final Fantasy XIII, que é multi-plataforma. Sucesso comercial, teve criticas bem variadas na época, e algumas delas são válidas até hoje.

A história

Em um mundo dividido pela guerra depois da Second Sorceress War, um ditador chamado Vinzer Deling se apossou da segunda maior nação existente, Galbadia. Logo ele começou a expandir seus domínios enquanto a maior nação, Esthar, resolveu se retirar e cortar todas as comunicações com o mundo exterior.
Squall é um estudante da Balamb Garden e candidato a SeeD, que são uma espécie de exercito mercenário sem ligações.



Dentro de mais ou menos uma hora de jogo Squall é promovido e enviado a uma missão para auxiliar um pequeno grupo de resistência contra Galbadia, mas acaba tendo que confrontar a misteriosa nova embaixatriz da nação, uma feiticeira. A situação logo escala e sai do controle de uma maneira que ninguém poderia imaginar.



Em certos momentos Squall e seu grupo desmaiam e são transportados para um mundo similar a um sonho, onde eles acompanham as aventuras de um soldado galbadiano chamado Laguna e seus amigos que, a principio, parece ter pouca relevancia a história do game mas é muito mais complicado do que parece.



Uma das maiores criticas que os jogadores fazem é que o jogo "não explica" a amnésia coletiva e outros elementos da história. Na realidade, a partir que se começa o jogo há informação sobre isto no menu de ajuda do jogo e um personagem recomenda que Squall "ignore as criticas negativas as GFs" assim que ele passa no exame da SeeD. Mais informação adicional pode ser coletada lendo as revistas "Timber Maniacs" e acessada a qualquer momento.



Outro ponto é que a maioria do grupo principal tem pouco ou nenhum desenvolvimento de personagem, exceto, é claro, por Squall. Poderiam ter inserido por via de side-quest ou expandido alguns trechos, mas nada de grave apenas oportunidades perdidas.



Existem também poucas side-quests e poucas dungeons extras, mas a história principal é robusta e coesa, dando uma impressão de um produto muito mais bem-acabado do que seu antecessor.



O jogo

O sistema do jogo pegou muitos jogadores de surpresa, especialmente por abolir o sistema de Magic Points.
Assim que as GFs (summons) são equipadas, o sistema de "Junction" é habilitado onde o jogador pode customizar os personagens com atributos específicos da summon, como Vit+20%, Mug ou Counter. Outra vantagem do Junction é poder designar magias para customizar ainda mais os status dos personagens, como deixar um membro resistente a fogo ou causar Sleep ao atacar.



O "Draw" foi uma criação controversa. No mundo do jogo, apenas as feiticeiras são capazes de utilizar magia de verdade mas com as GFs os SeeDs podem usar algo chamado de Para-Magic. Na prática é a mesma coisa, mas antes o jogador tem que roubar do inimigo para usar na hora ou armazenar e quantidade de magia adquerida varia de acordo com o nível do personagem usando o "Draw". As magias armazenadas são as que podem ser usadas para melhorar o status.



Apesar das criticas, "Junction" e "Draw" são bem equilibrados. O nivel dos monstros sempre varia de acordo com a média do grupo ativo em batalha no momento, então com poucas exceções é difícil encontrar alguma luta injusta a menos que as configurações dos personagens estejam muito erradas, mas a versão americana conta com a chance de fazer automaticamente isto para o jogador. Apenas é maçante ter que sair coletando "Draw" mas não chega a ser uma tarefa enfadonha e algumas GFs opcionais são conseguidas enfrentando os chefes.



Apesar de poucas dungeons opcionais, existem vários mini-games durante o jogo e os seguimentos do Laguna são sempre uma mudança de ritmo bem-vinda. Em alguns casos os controles são um pouco lentos, talvez para um realismo maior, mas nada que atrapalhe e para um jogo de PS1 ele tem uma variedade muito grande.



O jogo conta com um sistema de transporte completamente integrado. Existem carros para alugar (que consomem combustível), trens que percorrem regularmente a área, chocobos e, é claro, veículos voadores. Desde muito cedo no jogo uma grande parte do mapa está disponível para navegação, e o sistema de auto-ajuste dos monstros é de grande ajuda. Entretanto, nunca faltam instruções claras de onde o grupo tem que ir.



Gráfico

Neste caso o time de desenvolvimento queria fazer algo diferente do que já era comum da série e deixou de lado os gráficos super-deformados. Eles quiseram fazer uma identidade visual realista, misturada com elementos de fantasia e futuristas. Com cores coloridas e vivas, é fácil notar a inspiração de cidades europeias em várias localidades, variando desde Paris, cidades pequenas e antiga civilização grega, enquanto outros são completamente fantasiosos e estranhos, mas que em um geral funcionam sem grandes conflitos.



Os personagens também foram feitos tendo uma ideia de Europa em mente, com algumas exceções. O design das GFs foi também cuidadosamente planejado pois Tetsuya Nomura (o responsável pelo design da série em FFVII, FFVIII, FFX e FFX-2) não queria transformá-los em simplesmente monstros. O resultado foram mini sequencias de animações um tanto longas e cheias de efeitos.



As sequencias em CGs embora curtas são muito bem trabalhadas, um degrau muito acima de seu predecessor. Uma das criticas é que não há vozes nas sequencias, mas talvez a capacidade de compressão dos vídeos não tivesse a altura naquele momento.



O trecho da parada da feiticeira em Deling City com certeza foi um projeto muito ambicioso para a época, cheio de cenários únicos e salpicado por CGs complexas e o resultado é simplesmente espetacular.
O jogo tem vários temas, principalmente o amor mas não é só isto que reflete no visual. A lua, que em certo ponto da história tem destaque, é frequentemente visível nos cenários ao fundo como uma ameaça silenciosa; e as feiticeiras tem temas variados usando principalmente asas como base, além de ornamentos que refletem suas personalidades. Tudo foi cuidadosamente planejado e o nível de detalhe é impressionante.



No geral, Final Fantasy VIII é um dos jogos mais belos do sistema. Final Fantasy IX é um produto mais bonito por seguir um visual estilizado dentro das capacidades do sistema, embora FFVIII chegue perto.

Som

O jogo se destaca por ser o primeiro da série a ter uma música-tema cantada, a "Eyes on Me", na voz da chinesa Faye Wong. Mas o jogo conta com várias trilhas com vocais, desde a abertura "Liberi Fatali" que é completamente orquestrada e cantada em latim, e a tema das feiticeiras, a "Fithos Lusec Wecos Vinosec" em suas versões.
Existe uma grande variedade de influencias, passando por orquestral, musica eletrônica e até mesmo jazz, tudo com a qualidade consistente que é de se esperar de Nobuo Uematsu. Simples, mas sempre eficiente e que refletem com precisão cada um dos momentos do jogo.



Como era de se esperar, a geração do PS1 não tem vozes e os efeitos sonoros são eficientes. A maioria dos monstros tem seus sons próprios, mas que só são ouvidos no começo da luta.

Conclusão

Embora seja um ótimo título, não é para aqueles que tem preguiça de configurar os personagens ou que precisem que a história exponha todos os fatos. Cheio de inovações, o sistema de "Draw" não foi muito bem-visto mas é algo que ou se sabe o que está fazendo ou terá problemas mais para frente.
Muitos também criticam Squall em si, por "pensar demais" e começar como um completo cara grosso e rude, mas este é um dos elementos que deu fama a série: protagonista passa por uma transformação, descobre um motivo para lutar e pessoas para proteger; e no caso Squall é um pouco mais complexo com uma história de fundo com fortes fatores psicológicos.



Claro que existem pontos que poderiam ser melhorados, mas todos os trechos são bem-resolvidos, não há áreas impossíveis e tudo faz sentido no contexto geral. E para variar possui único final boss da geração dele que dá trabalho, além de Weapons e chefes opcionais desafiadores.


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