Review - Crisis Core : Final Fantasy VII (PSP)



Final Fantasy VII sempre foi um dos favoritos da Square e sempre sinônimo de vendas. Todos adoram a história de Cloud, vários choraram pela Aerith e pelo menos uma vez na vida todos os gamers com mais de experiencia já presenciaram um surto de fãs do Sephiroth. Aproveitando o aniversário de 10 anos do jogo, um projeto chamado Compilation of Final Fantasy VII foi lançado e abrange o filme Advent Children, o Before Crisis para celular (nunca lançado fora do Japão), o atroz Dirge of Cerberus para PS2 e o Crisis Core para o PSP.
Apesar de ser o quarto jogo da compilação lançado, é o primeiro da ordem cronológica e também um dos primeiros títulos do console.



A história

Zack Fair é um SOLDIER de segunda classe que está sendo treinado por Angeal, um primeira classe. Após uma introdução rápida, a dupla é enviada para lutar na guerra contra Wutai, muitos anos antes do Final Fantasy VII começar. Durante o conflito, um amigo de infância de Angeal e também um SOLDIER de primeira classe, Genesis, abandona a Shinra levando vários membros consigo e o próprio Angeal desaparece. Para o espanto geral, os soldados que seguiram Genesis foram transformados em cópias quase exatas do próprio usando tecnologia roubada da Shinra.
Para aumentar a confusão, Sephiroth, que já era uma lenda viva naquela época, informa a Zack que Angeal também desertou a SOLDIER, algo que o jovem tem dificuldade de acreditar. E assim começa a aventura de Zack para realizar seu sonho: de ser um herói e ajudar as pessoas.



A história tem três pontos importantes: um deles é o amadurecimento de Zack, de um novato cheio de energia e até mesmo descuidado para um veterano admirado pelos colegas. Os acontecimentos vão moldando-o, e com o tempo sua ingenuidade vai dando lugar a experiencia, mas sem nunca deixar de lado o bom humor. Quando tudo parece péssimo, algo pequeno acontece e é o suficiente para ele se levantar.
Zack é um excelente protagonista. Carismático e incansável, ele muda a vida de todos ao seu redor de maneira positiva, nunca desiste e sempre faz o possível para agradar. Seus conflitos pessoais, suas dúvidas são bem justificadas, mas mesmo assim ele dá o melhor de si para não perder o foco no que importa e sempre age na melhor das intenções.



Outra parte importante é a expansão das experiencias da Shinra. Durante os acontecimentos do jogo acontecem alguns dos primeiros incidentes que ameaçam expor os segredos sujos da companhia e a rebelião de Genesis é consequência. Hojo tem uma participação relativamente pequena, mas importante.
Ao tentar parar Genesis, Zack e os outros vão descobrindo segredos cada vez mais aterradores e que eventualmente estouram no incidente em Nibelheim, que no jogo original apenas parecia que surgiu do nada. A revolta criada por Genesis tem muitas outras repercussões, e Zack se vê obrigado a assumir a responsabilidade que lhe foi confiada e passar de um mero coadjuvante a ser aquele que tem que dar um basta na situação.



E o terceiro ponto são as amizades, as ligações e é claro, os legados que cada um deixa para trás. Angeal deixa seu legado para Zack e suas ações influenciam a vida de muitos. Ao mesmo tempo que a história do Zack se desenrola, a maioria dos NPCs também tem as deles acontecendo. O trio de SOLDIERS (Genesis, Angeal e Sephiroth) tem seus problemas, Zack começa a namorar Aerith e fica amigo dos Turks, em especial Tseng e Cissnei (de Before Crisis); além de se envolver com um guarda que vive passando mal, Cloud; e nas horas vagas ajudar Yuffie, então apenas uma criança que sonha em reconstruir Wutai. Todas estas relações, e outras coisas que Zack faz no decorrer da história acabam afetando mais pessoas que ele pode imaginar e eventualmente acabam concluídas no jogo seguinte.
Claro que houve vários retcons, alguns maiores que os outros mas a maioria serve para amarrar as pontas soltas e explicar melhor algumas que ficaram no ar. Algumas situações são forçadas, não são apenas paralelos com os acontecimentos com o Cloud mas sim cópias diretas mas com o Zack lidando de maneira completamente diferente.



Ao mesmo tempo, o jogo nos apresenta com um poema, uma peça épica chamada de "Loveless". Antes era um elemento menor na história original, um destes elementos que apenas quem tem curiosidade de dar uma olhada melhor e ler tudo que encontra iria saber falar. Vários trechos do poema aparecem em vários momentos do jogo, em geral quando Genesis (que é fã da história) aparece. Ele começa a ficar delusional, traçando vários paralelos da própria vida e começa a recitar o poema. Então sempre que Genesis aparece, ele cita algum trecho do Loveless e as vezes isto pode chegar ao ponto de ser irritante. Quando alguém começa a recitar Loveless neste jogo, tenha certeza que alguma coisa sobre o Genesis ou o próprio irá aparecer.



Como é norma da Square, o roteiro foi bem escrito, há várias side-quests que contam ainda mais detalhes da história mas que não são absolutamente necessárias. E o grande 'spoiler', de como termina o jogo é um mero detalhe, nem por isto ele deixa de ser menos dramático ou emocionante.

E mais da história?

Em um determinado ponto o jogo dá um salto em que vários meses se passam, e é nesta hora que acontecem os eventos de Before Crisis mas são pouco mencionados no jogo em si.
Os acontecimentos em Crisis Core acabam levando ao Dirge of Cerberus, em destaque em especial ao final secreto que dá uma abertura para uma sequencia que nunca veio a tona.

O jogo

O sistema de batalha é completamente diferente de qualquer jogo da série, mais similar o Before Crisis. A exploração do mapa das missões é aberta até que uma batalha aleatória começa. Neste modo, Zack pode se mover em qualquer direção e é um misto de tempo real com "turnos" de certo modo.No canto inferior direito há os comandos de ataque, item e as materias equipadas, o jogador circula entre os comandos apertando L ou R e usa pressionando o X. O triangulo bloqueia e o quadrado é a esquiva, mas eles usam o AP, a mesma barra usada para yellow materia (habilidades de batalha). As magias (green materia) usam MP, como tradicionalmente acontece.



As materias funcionam um pouco diferente. Conforme Zack vai progredindo ele pode equipar mais até chegar em um limite de 6 e cada uma delas pode chegar até o nível 5 e produzir uma nova materia. Materias verde escuro são as magias de ataque, as verde claro são as magias de cura, amarelo de habilidade, roxo para melhorar os status, azul para habilidades auxiliares e a nova magenta serve para modificar certas condições no DMW. Após ser promovido para 1st Class, Zack tem acesso ao sistema de fusão de materia que serve tanto para transformar duas materia em uma só (similar a fusão de demônios em Megaten) ou usar itens para melhorar as que já tem. É um sistema fácil de usar mas que requer algumas experiencias para ter uma noção melhor do resultado.


Summons, limit breaks e level ups dependem do Digital Mind Wave (o já citado DMW). No topo superior esquerdo há uma espécie de slot com 3 casas que ficam se movendo com as imagens dos personagens e os números de 1 a 7. Quando três faces iguais de pessoas que Zack conhece se alinham, ele pode usar um limit break relacionado a este personagem. Caso dois se alinham mas não necessariamente o terceiro, os resultados variam de acordo com os números que param. Se os três números forem 7, Zack irá dar um level up, e caso dois números combinem as materias que estão equipadas podem dar level up de acordo com o slot. Pode parecer aleatório, mas as chances aumentam conforme o jogador for derrotando inimigos e adquirindo SOLDIER points (SP) e depois de um certo numero o próprio jogo já te dá um 777 automático. As emoções de acontecimentos da história também alteram o DMW e isto aumentam as chances de um certo personagem aparecer.
As vezes pode acontecer do DMW travar e os amigos de Zack serem substituídos pelos summons e caso tenha três iguais há uma sequencia de invocação, com direito a CG. Existe também uma terceira roleta, com chocobo e seus "amigos" por assim dizer. E uma relacionada ao Genesis também pode acontecer. Se apenas os números combinarem e não as pessoas, Zack ganha bonus aleatórios como custo zero de AP ou MP, ou ainda pode ser curado. Existem fatores não-mostrados, mas são determinados pelo nível do jogador, como que ele está no momento da luta (pouca energia, status negativos entre outros) e o grau de dificuldade que ele está passando.


Nem tudo é perfeito. Como era de se esperar, mesmo podendo controlar a camera e ela ter certos bloqueios para não atrapalhar a visão ainda dá problemas. Não é incomum ela mudar de posição sem muito aviso para tentar ajudar e acabar só confundindo ou piorar a situação.
Tem vez que o DMW também não funciona como deveria. Em momentos em que qualquer outro Final Fantasy te daria um limit break tem vez que não vem ou que o esperado level up demora um pouco mais para acontecer.


Durante a história existem vários mini-games e em todo save point a qualquer momento o jogador pode participar de missões extras. Á maioria destas missões extras não tem cenas, apenas uma descrição que ajuda a situar da história mas que também dão informações extras do que está acontecendo no geral. Várias delas são missões da própria Shinra, mas outras tem seus sub-plots acontecendo e podem até mesmo ter mini-missões dentro.
Há vários momentos que as ações podem mudar cenas do jogo, acontecimentos pequenos que no final das contas não fazem diferença, mas são bonus legais, como o carrinho de mão da Aerith e o fã-clube do Zack.



A exploração em Midgar é um tanto mais livre. Há muito que se fazer no prédio da Shinra, como a sala de treino onde Zack pode fazer suas flexões ou participar dos experimentos do Hojo. Pela cidade também há pequenas coisas para se fazer e pessoas para se ver, em vários momentos o desenvolvimento da história pede que Zack ande pela cidade. Como são sete anos antes de FFVII, muitas coisas ainda não estão completamente construídas e Zack tem acesso apenas ao setor 8 (onde fica o prédio da Shinra) e ao setor 5. Não há acesso ao World Map, embora nas missões Zack possa ir a lugares já conhecido como o Chocobo Ranch por exemplo. Missões da história mandam Zack para Wutai, Costa del Sol, Junon, Gongaga, Mt Nibel e, é claro, Nibelheim. Entre os lugares novos estão Banora, Modeoheim e a Great Cavern of Wonders (lugar do super-chefe secreto). Para um sistema portátil, é um bom numero de localizações e fazem a história fluir bem.



Gráfico

Como era de se esperar da Square, os gráficos são de primeira linha. Existem vários lugares para se explorar e as localizações tem muitos detalhes. É possível ver as coisas em telas dos computadores e detalhes no celular de Zack, cada modelo embora com um numero limitado de poligonos tem uma atenção impressionante com texturas.
Muitos inimigos de Final Fantasy VII estão presentes, incluindo chefes, todos devidamente remodelados para acompanhar as evoluções dos hardwares e também para acompanhar o novo estilo gráfico. Os novos inimigos, a maioria relacionada a Genesis, também são interessantes e combinam bem com o mundo já estabelecido do jogo.



As cenas de animação como sempre são maravilhosas, no nivel do filme Advent Children. Apenas algumas cenas pré-renderizadas com os gráficos do jogo sofrem uma leve perda de qualidade, mas nada gritante e estas cenas não são tão comuns.
Em compensação, o jogo tem muita cena, até mesmo entre as batalhas. Além das CGs envolvendo as summons também há cenas extras de história envolvendo as memórias de Zack toda vez que um limit break acontece. É possível desabilitar, mas é interessante vê-las pelo menos uma vez.


Até para os padrões atuais, os gráficos do Crisis Core são simplesmente espetaculares. O nível de atenção e o cuidado fazem dele um dos títulos mais bonitos em um portátil, com muita variedade e boas escolhas para cores.

Som

A trilha sonora foi composta por Takeharu Ishimoto (The World Ends With You, Kingdom Hearts: Birth by Sleep, Last Order : Final Fantasy VII e os Dissidias). Além de remixes das músicas clássicas de Final Fantasy VII, como Closed Off Village (Anxious Heart), on the Verge of Assault (Those Who Fight) e, é claro, The Enemy of the World (One-Winged Angel) as músicas criadas especialmente para este jogo são ótimas. Os arranjos com guitarra e violão chamam muita atenção, são simplesmente brilhantes. Várias peças são mais de ambiente, discretas, mas gostosas de ouvir enquanto outras são bem memoráveis como a Encounter (de batalha), Frantic Battle e a música tema de Crisis Core, que tem inúmeras variações. A música cantada (Why) poderia ser melhor.


O trabalho dos dubladores também é excelente. Todos que participaram do Advent Children e Dirge of Cerberus estão de volta: Steve Burton como Cloud, George Newbern como Sephiroth, Andrea Bowen como Aerith entre outros. Rick Gomez faz um Zack espetacular, com uma grande variedade de emoções e é muito expressivo, completamente a vontade no papel. Simplesmente impecável.

Conclusão

Mesmo para quem não jogou Final Fantasy VII ou não conhece a história, Crisis é um excelente RPG mas é melhor para quem conhece.
O sistema pode assustar os fãs da série a principio, mas é ágil, fácil de se acostumar e complexo ao mesmo tempo, e é bem apropriado para o PSP. O jogo usa de maneira bem eficiente os aspectos de hardware do sistema e é impecável neste aspecto, sem dever nada para jogos de PS2.
Muito divertido, com 300 missões opcionais e uma ótima história, é um dos melhores títulos no portátil.


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