Review - Fate/Extra (PSP)



Há alguns anos a Type-Moon lançou no Japão o Fate/Extra. Parecia que este jogo jamais seria lançado no ocidente quando a Aksys Games anunciou sem muito alarde a tradução e o lançamento um pouco antes de começarem a falar da seqüencia, o Fate/Extra CCC, que será uma espécie de “terceira opção” de acordo com o material divulgado e ainda não se tem noticia de versão americana.

A história

Parece ser um dia normal na sala de aula. Com pessoas fazendo as coisas normais de sempre, aula prosseguindo como sempre, embora o assunto seja sempre o mesmo mas parece que apenas o protagonista notou isso. Um jovem estrangeiro chamado Leo começa a atender as aulas e desaparece do nada, e ninguém parece tomar ciência disto. O protagonista vai ficando cada vez mais incomodado com esta repetição, até que resolve seguir Leo e encontra uma porta que não estava ali antes. Uma esfinge, um manequim sem rosto se alia ao personagem e o segue pelo misterioso dungeon que se formou, defendendo-o dos inimigos.



No final, os corpos de vários outros anônimos formam pilhas nos cantos e o protagonista está prestes a se juntar a eles quando um espírito heróico ouve a resolução de não desistir apesar de tudo. E assim tem inicio a mais uma Guerra.



Pode-se escolher entre protagonista masculino e feminino, além do servo: Saber, Archer ou Caster. Existem algumas mudanças em termos de dialogo dependendo do sexo do personagem (há um dialogo que eu tive que talvez seja apenas para a mulher, por exemplo) e as falas de acordo com o servo, mas no final das contas a história é essencialmente a mesma. Apenas uma decisão que vai mudar o seu aliado e dois chefes depois da metade do jogo mas a história prossegue da mesma maneira.



A história se passa em um universo alternativo ao Fate/Stay Night normal em uma realidade virtual chamada SE.RA.PH., que é parte do Moon Cell que controla o Holy Grail. Isto quer dizer que os rostos familiares do jogo original não são exatamente os mesmos já conhecidos do público, mas outras versões com outras origens, embora ainda assim sejam parecidos.



Cada personagem deste jogo teve uma história cuidadosamente escrita. Os mestres são bem variados, indo desde um velho soldado até psicopatas. Os servos inimigos também são um show a parte, fiéis a sua lenda de origem e com personalidades distintas.



Os servos jogáveis tem seus próprios momentos de contar suas histórias na sua sala privada. É possível interagir escolhendo respostas que podem mudar o rumo do diálogo (alguns com resultados hilários)



A história foi escrita pelo mesmo autor do Fate e de Tsukihime e isto é bem visível para quem conhece o trabalho dele. Todo NPC tem uma história, cada detalhe tem um motivo. Cada Dead End e momento de tensão é narrado de forma eficiente. Existe um dialogo para cada Game Over ao ser derrotado por um mestre e cada um é único.

O jogo

O jogo é dividido em rounds, cada um deles há um oponente para ser vencido. O protagonista tem uma semana para coletar pistas para deduzir a identidade do servo inimigo e coletar duas “chaves” para poder continuar.



Assim como Persona 3 a partir do momento que entra na Arena (a dungeon em si) não pode mais voltar para a escola a menos que queira encerrar a noite. Aliás a Arena segue o estilo do Tartarus em termos de design e idéia geral, mas são apenas dois andares por semana e quando uma nova semana começa os andares antigos não estão mais disponíveis para a exploração.



Mas ao contrário do Persona 3 existem alguns eventos na Arena como caça ao tesouro, quem consegue derrotar o maior numero de um certo tipo de inimigos e vários outros. Algumas decisões feitas na Arena também podem ser fatais.



A batalha segue o melhor estilo pedra-papel-tesoura. Guard vence Attack que vence Break que vence Guard, simples assim. Apenas um inimigo é enfrentado por vez e cada um é capaz de realizar seis ações por turno. Na parte inferior há as ações do servo e do oponente, sendo que apenas algumas ações do oponente são visíveis a principio, mas seguem um padrão lógico. Ao derrotar mais inimigos do mesmo tipo mais ações são visíveis. Contra os mestres, quanto mais informação sobre o servo mais ações são reveladas.



Com o tempo o seu servo também vai aprendendo habilidades úteis para o combate e são únicas para cada um. Saber é uma personagem focada mais no ataque, enquanto Archer é mais técnico e Caster é centralizada em sua grande variedade de skills. Os inimigos comuns também tem habilidades mas é raro usarem, mas os servos não são tão contidos.



O protagonista também pode ajudar usando itens ou magias de suporte uma vez por turno. A mesma regra vale para os mestres inimigos e alguns podem ser bem irritantes.

Quando o mestre aumenta o nível, o jogador tem direito a gastar 3 pontos para aumentar os atributos que desejar na capela, onde Aoko e Touko Aozaki ajudam os mestres. Taiga Fujimura também aparece fazendo pedidos para localizar itens na Arena. Em um New Game + ao ajudar Taiga em todos os seus pedidos um chefe extra é habilitado no último andar.


A mecânica do jogo inteira é bem simples e fácil de se acostumar. Sempre antes de começar o dia o protagonista fala os objetivos do dia, ou é lembrado pelo servo. Se por um acaso o jogador pisar na bola e não completar os requerimentos para enfrentar o chefe daquela semana pode usar o comando “Retry” e recomeçar aquele round.


Gráfico

É um jogo muito bem modelado. Os servos são maravilhosos, os mestres são bonitos e os cenários tem vários detalhes. Cada andar da arena tem um tema baseado na evolução, no mar primordial e isto é refletido em cada round. Depois que o protagonista descobre que está em um ambiente virtual é possível ver os “fluxos de informações” pelos cenários.


Da mesma forma que Persona 3 este jogo também sofre com a repetição de cenários e inimigos comuns. Cada um dos andares da Arena tem a mesma formação básica (mas neste caso é sempre pré-determinada e não aleatória) com paredes e chão semi-transparentes no meio do oceano.


Os inimigos em sua maioria são formas abstratas que mudam apenas a textura básica. São pouco inspirados e não muito apelativos, mas como são programas designados por um computador que dá prioridade a um processamento rápido e prático de dados dá para relevar.



Som

Nos jogos da Type-Moon é comum ter algumas poucas músicas que são repetidas várias vezes mas que são agradáveis de se ouvir e aqui não é diferente. Há alguns rounds com música própria mas a maioria compartilha as mesmas músicas.

Os inimigos comuns além de não serem grande coisa também não tem som. Por outro lado o seu servo está sempre falando e as batalhas contra os outros mestres tem muitas vozes durante a batalha. É uma pena que não colocaram legendas ou algo parecido.

Há muitos diálogos falados, principalmente em momentos chaves. Existem duas rotas e três servos neste jogo, é uma quantidade considerável de vozes gravadas e com uma boa qualidade. A Aksys foi sábia em manter as vozes originais japonesas ao invés de tentar redublar.


Conclusão

Fate/Extra é um jogo como todos da Type-Moon: seu forte é a história. Para quem gosta de um conto complexo, com questões existenciais e crescimento do ser é uma ótima diversão que vai ser difícil parar de jogar. O sistema por turnos é diferente mas fácil de se habituar, por mais que seja irritante as vezes não poder mudar as ações após confirmar o turno.



O jogo explica muita coisa do universo de Fate para quem não conhece, então não é preciso ter assistido nenhum dos animes ou jogado o original. Até mesmo porque é uma realidade alternativa e o Holy Grail desta versão é completamente diferente . Algumas referencias podem ser perdidas aos jogadores iniciantes da série, especialmente com o Archer, mas nada que estrague a diversão.


Em resumo, Fate/Extra é um bom RPG para o PSP. Quem conhece a série vai adorar e quem não conhece vai poder se divertir. O New Game + é uma boa pedida com tantas opções e por ser um jogo relativamente curto.


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