Review - Final Fantasy IV : The After Years (PSP & Wii)



Final Fantasy IV foi um marco na série e talvez nos RPGs em geral. Além de retomar a ideia de personagens não-anônimos com personalidade definida e convidados na party (importados diretamente do Final Fantasy II) foi o primeiro a ter Active Time Battle (ATB) e usou isso várias vezes durante a história.
Por algum motivo, FFIV tem mais versões que o aclamado Final Fantasy VI e ganhou um remake em 3D para DS. Durante a produção, a equipe inseriu coisas extras como os Augment System e algumas cenas de história novas. A equipe do remake gostou tanto de trabalhar com o jogo e o produtor executivo já havia trabalhado no jogo original, então resolveram fazer uma continuação para celular, que eventualmente foi convertido para WiiWare e depois para PSP.

A História
Assim como na vida real, fazem 17 anos desde que Cecil e seus amigos derrotaram Zeromus, a segunda lua foi embora e a paz de voltou ao Planeta Azul. Cecil agora é rei de Baron e todos trabalham na reconstrução dos reinos devastados, uma nova era de prosperidade e paz. Mas há algo errado. Uma segunda lua re-aparece misteriosamente, e ainda mais próxima ao planeta do que antes. Os cristais, sempre constantes, começaram a emitir uma luz sem motivo aparente.

O jogo envolve principalmente Ceodore, filho de Cecil e Rosa que está realizando seu teste para entrar na Red Wings e criar um nome para si mesmo, sair da sombra de seus pais. Enquanto o jovem príncipe está realizando seu teste, Baron é atacada e Cecil confronta uma garota misteriosa que exige os cristais. Logo isso há desdobramentos nas histórias de todos, cada um dos episódios narram um ponto bem distinto mas que acabam se entrelaçando em vários momentos para eventualmente acabar em um grande grupo só.


O jogo se desenvolve em um bom ritmo, há ótimos momentos e pouca enrolação: em geral os objetivos são próximos e dificilmente se fica sem saber o que fazer. Há vários momentos de flashbacks mostrando o que aconteceu no passado e expandem bem alguns aspectos do mundo, resolvendo algumas dúvidas e amarrando pontas soltas.


Os novos personagens na maioria são bem interessantes, com Ceodore, Leonora e Ursula, todos os personagens antigos estão de volta (alguns como o Edward foram melhorados) e outros que não eram jogáveis agora entram para o grupo.
Tudo que deixou margem para alguma coisa foi explorado e dá para ver a mudança em vários personagens: Edge se tornou um pouco mais responsável (mas continua agindo impulsivamente), Porom se tornou uma mulher inteligente mas um pouco insegura enquanto seu irmão continua arrogante mas usa mais a cabeça entre outros. A grande maioria das mudanças foram pelo amadurecimento dos personagens e todos eles parecem familiar aos antigos jogadores.
Os novos personagens são variados e com motivações diferentes, e tem uma boa profundidade na maioria dos casos. Alguns surgiram de lugares esperados, como filhos dos heróis e outros nem tanto como Harley, a secretária e os 4 discípulos do Edge.


Nem tudo é perfeito, alguns trechos são parecidos demais com o original para ser apenas um paralelo, beira falta de criatividade em vários momentos. Não é algo ruim, mas o deja vu é meio exagerado. São raros os momentos que os personagens agem fora da personalidade, mas algumas parece que falta um certo "toque".
Algumas das "surpresas" não são tão surpresas assim, principalmente para quem já jogou o original. Existem dois personagens misteriosos que um jogador mais atento consegue descobrir logo de cara, e certos acontecimentos no enredo são bem previsíveis. Mesmo assim, o roteiro foi bem escrito e como é relativamente curto não chega a ser um problema.


Existem vários fatores que podem mudar um pouco o decorrer da história. Alguns personagens podem morrer permanentemente e não voltar mais, e isso muda alguns diálogos além de cenas do final.
Na dungeon final perto do chefe há várias sequencias de diálogos nos save points com os personagens se entendendo, alguns finalmente achando seu lugar ou simplesmente relembrando o passado e contemplando o futuro. Foi uma boa ideia, é difícil imaginar que em um momento tão importante um grupo tão grande (pode chegar até 20 personagens jogáveis) resolva ir em silencio para enfrentar uma ameaça que pode acabar com a vida no planeta. Alguns são claramente fan-service, mas nem por isto são ruins.

O Jogo

Tudo que fez sucesso no original está de volta, como esperado. ATB, comandos únicos, summons secretas da Rydia, tudo está de volta. Mas as mudanças introduzidas na versão DS foram deixadas de lado em favor a um estilo mais "retro" e novas mecânicas.
Uma das novidades são as fases da lua, que muda toda vez que o grupo dorme ou depois de um tempo. As fases da lua influenciam de uma maneira bem visível a luta: elas mudam os status e a eficiência dos ataques, todas as fases afetam positivamente um comando e negativamente outro. Por exemplo, na lua cheia o ataque físico não é tão eficiente, mas black magic é muito mais forte. Existem alguns inimigos que só aparecem em certas fases da lua e os status deles também variam de acordo.



Outra é o sistema de "Band", similar ao Double e Triple Techs de Chrono Trigger. Usando um pouco de MP de todos os envolvidos um Band é um ataque poderoso entre dois ou mais personagens, alguns ultrapassando 9999 de dano. Existem mais de 70 combinações no jogo, alguns usando todos os membros do grupo.



Os capítulos são individuais e podem ser feitos na ordem que o jogador desejar, exceto por três deles que é preciso encerrar outros. Os arquivos de jogos salvos são individuais e nada é carregado, exceto no capitulo do Kain e no final.
Após a conclusão de um capítulo pode carregar o arquivo salvo para continuar jogando e terminar qualquer side-quest em andamento, dar mais level up e entrar nas dungeons de desafios criadas pelo Namingway.


A versão do Wii é a mais próxima do original do celular, enquanto a versão do PSP incluída no pacote "Final Fantasy IV : The Complete Collection" foi re-balanceada, uma mudança bem-vinda. Algumas das histórias pedia um tempo absurdo para subir de nível e conseguir passar enquanto outras eram extremamente fáceis. Agora a diferença é menos gritante embora o último capitulo individual continue sendo um pouco mais difícil que os outros.


Gráfico

A versão de WiiWare teve o artista original que fez os sprites dos 6 primeiros Final Fantasy de volta para fazer novos sprites e ficou bem fiel ao original. Yoshitaka Amano voltou a fazer as ilustrações mas os designs novos são de Akira Oguro. Alguns portraits são bem diferentes dos outros, com estilos meio discordantes entre si mas não muito gritante. Os cenários são as versões melhoradas presentes na versão do GBA assim como os sprites dos flashbacks. Chega a ser um pouco estranho mas faz parte do charme.



Já a do PSP recebeu o mesmo tratamento das versões de Final Fantasy I, II e IV, com belos detalhes em todos os sprites, belíssimos cenários, monstros enormes e efeitos especiais de primeira. Também há uma nova abertura em CG com a qualidade que é de se esperar da Square-Enix.



Som

Mais um Final Fantasy sem vozes, favorecendo um clima mais "retrô". Muitas das músicas feitas por Nobuo Uematsu para o jogo original foram incluídas e remixadas, enquanto Junya Nakano (que fez os remixes de FFIV e compôs a trilha de Final Fantasy X) fez as novas peças. Todas elas se encaixam perfeitamente no contexto, principalmente a música da vilã principal da história, a "Garota Misteriosa" que tem um tom sinistro e etérico ao mesmo tempo.

After Years volta as origens

Eventualmente uma versão do jogo foi feita para os sistemas de celulares da nova geração, para o iOS e android. Desta vez o jogo conta com modelos 3D similares ao remake do Final Fantasy IV para o DS. Algum tempo depois, esta versão foi portada para o steam.



Conclusão

Final Fantasy IV: The After Years é um ótimo jogo, mas só para quem já jogou o original. Novos jogadores vão ficar perdidos com vários aspectos da história que não foram trazidos a tona por já estarem no jogo anterior. Quem não gostou do original também dificilmente vai gostar. Mas quem curtiu vai se sentir em casa, é um jogo que trata o original com respeito e trás novos elementos interessantes.
Com a inclusão dos dois jogos em um pacote só e um capitulo extra, a versão do PSP com certeza é a mais interessante em todos os aspectos já que contém a saga completa. É um ótimo título para fãs de Final Fantasy e também para quem quer conhecer.


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