Um dos vários jogos da linha "Neverland" (são 20 no total) e a maioria deles só lançadas no Japão, Blazing Souls foi um título criado para o Playstation 2 em 2006 e depois foi adaptado para o 360 no ano seguinte e finalmente uma versão ocidental foi lançada em 2010 para o PSP. Será que valeu a pena a espera?
A História
Como de praxe, logo no começo há o dialogo entre dois personagens fora do campo de visão, trocando palavras misteriosas, uma curta CG mostrando um homem no meio do nada e logo aparece o personagem principal, Zelos, em um combate-tutorial contra alguns monstros fracos. Pela arrogância e pelo extremo mau-humor, não é difícil adivinhar como vai ser este personagem. Aliás, não é difícil adivinhar qual clichê cada um dos personagens vai se encaixar.
Zelos é rude como poucos, daqueles que conseguem mais inimigos do que amigos e preferem ficar a sós, mas um líder de guilda arruma para o mercenário um grupo para ajuda-lo em uma missão, acabam resgatando uma garota com amnésia e o grupo começa a crescer cada vez mais. O verdadeiro final do jogo só pode ser conseguido quando todos os personagens jogáveis são recrutados, então o antipático e rude Zelos tem que andar por aí colecionando aliados sem motivo aparente. E metade do jogo envolve rodar o mapa, de cidade em cidade, sem objetivo em mente até que finalmente começa a acontecer alguma coisa.
E assim as primeiras horas do jogo passam, sem grandes acontecimentos, com alguns flashes dos vilões, a misteriosa oráculo Snow falando coisas dando leves "dicas" de suas intenções e mostrando que os personagens tem algum segredo. Tudo dentro do esperado.
Este jogo usa tantas táticas antigas e esteriótipos que alguém que já tenha jogado alguns RPGs pode ter uma ideia do que vai acontecer em seguida. Há pouca urgência, histórias chatas e nada de especial acontece.
O Jogo
Blazing Souls é um T-RPG, e é bom nisso. Existem várias maneiras de customizar seu personagem, com ataques diferentes, armas que podem ser atualizadas e até mesmo forjar equipamentos novos (tanto aleatoriamente quanto sabendo o que usar). Uma das coisas interessantes na batalha é poder combinar ataques, skills e magias para transforma-los em ataques mais poderosos no próprio turno. Por exemplo, dois comandos "Ataque" são combinados em um combo só, e vários ataques podem ser estocados de uma vez só e usados de uma só vez, só sendo limitados pelo numero de AP que o personagem tem. Simples, direto e até mesmo divertido.
Se a batalha tem um certo charme, a exploração do mundo é enfadonha.
Para localizar uma nova cidade no mapa, o jogador tem que ir para a guilda, coletar informações e depois pedir para procurar no mapa. Neste ponto, sem consultar algum guia é bem difícil localizar qualquer lugar já que há algumas descrições que são vagas. E mesmo assim, para localizar qualquer lugar o jogador gasta "Work Points" (WP) que são conseguidos com alguns eventos. O problema é que os WP são difíceis se conseguir, e são limitados no jogo inteiro. Um erro e talvez seja melhor carregar um jogo salvo, ou ainda ter que re-começar o jogo do zero. Não é uma boa expectativa.
Para conseguir alguns personagens e avançar na historia, as vezes é preciso solucionar puzzles nos campos de batalha (fora das lutas) para passar para o próximo mapa. Muitas vezes esta tarefa é chata, entediante, e pode ter batalhas randômicas se ficar andando sem saber o que fazer. E as vezes é necessário fazer isto para conseguir que algum personagem entre no seu grupo.
O jogo tem três finais, um bad (que é muito fácil de se fazer), um normal e o true ending. Para conseguir este último, além de conseguir todos os personagens há certos eventos que tem que ser feitos em uma ordem especifica -que não há como adivinhar, diga-se de passagem- e chegar até o último nível de uma dungeon a parte que tem 50 mapas. Dá para sair com um item de fugir de batalhas e retomar a cada certo numero de andares, e só com o andar da história que todos os níveis são destravados. Mas a dungeon é o menor dos problemas, ainda mais com essa história de ter que adivinhar ordem e recrutar a todos.
Gráfico
Uma das coisas que atrai os ocidentais são os gráficos bonitos da Idea Factory. Mesmo sem entender a língua, qualquer um pode admirar os designs legais de personagens e como os sprites são bonitos, sem a menor dúvida.
Efeitos bonitos, sprites legais e mapas competentes, não há o que reclamar no campo visual. Alguns lugares poderiam ter um pouco mais de variedade, mas não é nada muito gritante.
Som
A dublagem é mediana. Muitas das vozes são bem equivalentes as contrapartes japonesas, então quem soa irritante em nihongo também vai ser assim em inglês. Só Zelos que tem uma voz extremamente grossa e que pode até mesmo assustar no começo.
Já na parte de música, simplesmente faz seu papel sem ser chata mas também não é memorável.
Conclusão
Pode até ser que o jogo tenha boas ideias, mas é apenas isso: ideias. A execução deixa a desejar. O sistema de procurar as coisas no mapa é uma das piores decisões já tomadas em qualquer jogo, e a história simplesmente não é forte o bastante para manter o jogador interessado.
Não é um jogo recomendável, a menos que tenha um guia pronto e não ligue de ter que recomeçar o jogo ou manter vários saves.
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