Review - Tales of Symphonia : Dawn of the New World - Wii



Tales of Symphonia é um dos mais populares da série. Foi lançado no Japão, Estados Unidos e Europa (primeiro Tales a ter lançamento europeu) para o Gamecube e uma versão para o PlayStation 2 exclusiva para o Japão. Só nos EUA vendeu mais de 100 mil cópias nas duas primeiras semanas e acabou dando origem a um anime. É o terceiro Tales mais vendido, perdendo apenas para Tales of Destiny e Tales of Destiny II (PS2, não a renomeação americana)
Com um sucesso tão grande, não é de se estranhar que a Namco tenha feito uma sequencia. Tales of Symphonia: Dawn of the New World foi lançado 5 anos depois para o Wii.

A história
Se não jogou o Tales of Symphonia original ou viu o anime, talvez seja melhor pular o próximo parágrafo se não quiser estragar algumas surpresas. Conhecer o Tales of Symphonia ajuda, mas com o jogo tem uma história separada e fala as coisas que aconteceram e foram relevantes, não é completamente necessário.
No primeiro jogo, Lloyd e seus amigos embarcaram em uma jornada para regenerar o mundo e acabaram descobrindo que por causa de acontecimentos do passado, o mundo foi dividido em dois -Sylvarant e Tethe'alla- e ambos acabaram em um estado precário de equilíbrio. O grupo acaba retornando o mundo a seu estado original, mas os problemas não acabaram: ambos os mundos se desenvolveram de maneira bem distintas e as tensões começaram a aumentar. O povo de Tethe'alla, mais desenvolvido tecnologicamente e com uma sociedade bem-estruturada passou a ver os Sylvaranti como bárbaros, enquanto estes tinham medo do grande poder dos outros. A Church of Martel escolheu apoiar o lado dos mais fortes, ou seja, Tethe'alla e um grupo armado dos Sylvarant se formou e começou a ficar mais popular, chamado Vanguard. E só para deixar a situação ainda pior, a natureza está descontrolada: terremotos descontroláveis, lagos começaram a secar e até mesmo neve no deserto.



Dawn of the New World começa quando a Church of Martel está enfrentando as forças da Vanguard e o conflito atinge proporções enormes na cidade de Palmacosta. Um massacre de vidas inocentes e chamas consomem o lugar e o responsável é Lloyd Irving, o herói que unificou e salvou o mundo. Um jovem chamado Emil Castagnier acaba presenciando a morte dos pais pelas mãos de Lloyd e é enviado a Luin para viver com seus tios. O problema é que lá todo o mundo vê Lloyd como um herói e idolatram ele, e tratam Emil como um estorvo. O garoto leva bullying de todo o mundo da cidade (menos o prefeito, que também é de fora), até mesmo os tios dele o tratam miseravelmente. Além de não acreditar no relato dele sobre Palmacosta, os habitantes de Luin também o culpam pela população de monstros ter aumentado e o lago Sinoa ter secado.
Um dia Emil estava sendo atormentado por dois garotos por não ter se curvado diante da estátua de Lloyd quando um forasteiro chamado Richter interfere e o defende. Emil fica tão pasmo pelo ato que só depois resolveu ir agradecer. Ao re-encontrar Richter, o mesmo pergunta se Emil viu uma garota com uma joia alojada na testa e dá um conselho importante antes de se afastar. Emil ouve um uivo, algo frequente naquele dia e que estava começando a incomoda-lo e resolve investigar. Ao ir até o Sinoa Lake, ele é atacado por um monstro mas uma garota o salva. Ela se apresenta como Marta, que pergunta se ele está bem e dá a entender que já o viu antes. Quando ela vai embora, Emil nota a joia na testa dela e resolve contar para Richter. Os dois voltam para o lago e entram em uma caverna ali perto para procurar. Richter revela que quer matar a jovem, mas Emil protesta. Uma criatura aparece e bloqueia o caminho de Emil enquanto Richter vai atrás de Marta. Querendo salvar a vida de Marta e retribuir a generosidade dela, Emil está desolado por não poder fazer nada quando um ser semelhante a um cão chamado Tenebrae aparece, explica rapidamente que serve a Ratatosk, o guardião da arvore da vida e propõe um pacto a Emil: ele se torna um cavaleiro de Ratatosk em troca de poderes e com isto ganha a missão de proteger Marta. Emil acaba aceitando e assim a história começa.



Sim, a introdução é longa e tem muito conteúdo. O enredo não deixa por menos, sempre há alguma coisa acontecendo durante o jogo. Emil, Marta e Tenebrae partem em uma jornada para despertar e recuperar os poderes de Ratatosk, o guardião da World Tree e assim por um fim a todos os desastres naturais. Marta e Tenebrae explicam que todo o desequilíbrio está acontecendo por que Ratatosk está dormente e os Centurions (criaturas que ele criou para auxilia-lo) também. Tenebrae é o Centurion responsável pelo elemento Dark, e cada um dos outros representam um elemento e estão em uma forma chamada "Core", que são parecidas com uma joia. Uma vez que o Centurion de um elemento acorda, os monstros com a afinidade começam a se acalmar e os desastres acabam. O problema é que eles não são os únicos: o pessoal da Vanguard e da Church of Martel também estão atrás dos cores, assim como o próprio Lloyd. A "jóia" na testa de Marta é o core do próprio Ratatosk, e por isto ela é um alvo de todos que querem usar o poder dele para uso próprio e remove-lo antes de Ratatosk acordar envolveria acabar com Marta. Então a obrigação de Emil é protege-la enquanto procuram pelos cores. O problema é que com os poderes uma nova personalidade surge em Emil. Fora do combate ele é um garoto tímido e gentil, até mesmo um pouco covarde que todos pegam no pé. Durante o combate seus olhos ficam vermelhos e sua fala mais grossa, e Emil se torna uma pessoa rude e violenta que não se importa com ninguém. Tenebrae explica que é obra dos poderes e o grupo chama este acontecimento de "Modo Ratatosk". Precipitado, Emil em modo Ratatosk é o primeiro a comprar uma briga e o último a sair dela, ao contrário do seu normal pacifico, causando muita encrenca e desavenças no próprio grupo e uma personalidade parece ter conhecimento limitado do que o outro faz. É como "O médico e o monstro", e é executado de uma maneira que tem vez que o jogador fica aliviado do modo Ratatosk assumir e resolver fazer alguma coisa ao invés de ficar só hesitando, enquanto em outras vezes fica irritado com a falta de consideração e o nível de violência excessiva dele. É difícil ver dupla personalidade em jogos, e é mais difícil ainda ver de uma maneira tão convincente sem ser forçada e como isto afeta todos ao redor, especialmente Marta.



Eventualmente, o trio acaba encontrando cada um dos membros do grupo do Tales of Symphonia e viajando com eles por alguns momentos, e até ficando amigos deles. As personalidades deles se mantém intactas, é possível ver o quanto que cada um deles amadureceu (ou não) e como estão levando a vida. Todos eles querem acreditar que Lloyd tem uma boa razão por trás de suas ações, mas sabem que Emil e Marta não tem por que inventar o que aconteceu em Palmacosta e o jogador veterano (até mesmo os novatos) ficam se perguntando o tempo inteiro o que realmente aconteceu e é um dos mistérios que esconde uma grande reviravolta.



Claro que há um elenco novo bem-desenvolvido. Além de Emil, Marta e Tenebrae há um grande foco na Vanguard. Cada um dos membros tem suas próprias motivações para se juntar a causa, e todos eles tem um bom tempo de exposição já que boa parte do elenco de personagens jogáveis em teoria não precisa de introdução. Além da história normal (que já é rica em detalhes de cada um) existe uma side-quest mostrando mais sobre a dupla Alice e Decus, dois inimigos recorrentes. E também há side-quests em que Emil sai do grupo temporariamente para se juntar a Richter e só no final do jogo dá para entender como tudo se encaixa.



Mais uma vez, as skits estão de volta! E são muitas, cada uma para cada trecho ou situação. Algumas falam mais sobre o que está acontecendo, outras aprofundam mais a história do que já passou, enquanto outras são só conversas engraçadas (Tenebrae rouba a cena em vários deles) e umas são bem bobas como marcos (fugir um numero tal de batalhas, derrotar tantos inimigos em diante). E desta vez todas elas tem vozes, é a primeira vez que isso acontece.



Há decisões e acontecimentos na história que podem mudar algumas cenas inclusive o final. Existe o final Bad (que é praticamente um Game Over), o Normal e o Good (que é o normal e mais um trecho). O final normal acontece se Lloyd consegue pegar outros cores além dos pré-determinados pela história básica. Fazer o final Good é fácil, os requerimentos não são impossíveis e é bem recompensador.



O jogo
Ele usa um sistema chamado "Flex Range Element Enhanced Linear Motion Battle System" (para quem gosta de abreviações, FR:EE-LMBS). É parecido com o sistema de Tales of Innocence, uma combinação do Abyss com o Destiny. Existem dois pontos diferenciais bem importantes, um deles é o campo elemental. Cada lugar tem suas propriedades elementais, assim como cada monstro e habilidade. Ao usar três artes do mesmo elemento muda o do campo de batalha e isso afeta a eficiência das técnicas e os personagens que vão participar do Unison Attacks. Além do Unison (representado por uma barra no canto inferior) também há os Mystic Artes, já tradicionais.



Outra mudança é que como representante de Ratatosk, Emil pode fazer pacto com os monstros que enfrenta ao final da batalha, dependendo dos elementos envolvidos e dos monstros aliados presentes. Uma vez recrutados, podem ser chamados a qualquer momento no grupo ativo e sobem de nível normalmente, podendo evoluir para formas mais poderosas e podem re-encarnar voltando ao nível 1 mas com status muito superiores. As vezes os monstros podem fugir ou deixar itens quando as negociações não vão bem e só pode ter quatro monstros ao mesmo tempo, todos os outros podem ser armazenados na guilda.



Os personagens do Symphonia não ganham níveis com experiencia, mas sim em certos pontos do enredo. É útil para saber quando se está com um nível muito alto ou muito baixo para aquela parte, mas ao mesmo tempo pode ser um pouco decepcionante.
E como se tornou comum em Tales nos consoles desde o Destiny, caso o jogador tenha mais de um controle ele pode chamar um amigo para controlar os outros personagens durante a batalha. Há um pequeno porém: os monstros não podem ser controlados pelo jogador, apenas pela inteligencia artificial.



Há algumas missões extras simples na Guilda que dão itens, equipamento e até mesmo monstros para o grupo. Os combates na arena (com participação especial de personagens de outros Tales) está de volta e há um modo de assistir os monstros lutarem entre si. Há as side-quests envolvendo os antagonistas como já mencionado, uma dungeon extra muito difícil que só abre com New Game + e outra que é acessível após completar todas as missões da Guilda. Também há dois mini-games: pescaria e um baseado em um trecho do jogo. Há várias coisas para se fazer, cenas extras para assistir e equipamentos para coletar. Na versão europeia também colocaram uns equipamentos que modificam a aparência do Emil, como o "elmo" que Judas usa no Tales of Destiny II (um crânio de dragão).



Gráfico
O jogo abandona os gráficos Cel-Shading do Tales of Symphonia e tem um estilo mais similar ao Abyss. Só há a abertura em anime e o resto das cenas são feitas de gráficos em tempo real com captura de movimento.
Como sempre a série Tales usa uma estética de anime, com modelos muito bons e bem-animados e texturas de alta qualidade. O jogador não precisa ver os olhos do Emil para ver se ele está normal ou em modo Ratatosk, é possivel saber pela linguagem corporal dele. Pose, movimentos e até mesmo como ele fica parado mudam. Todas as armas tem gráficos próprios e únicos, inclusive com ícones representando e tentam manter o re-aproveitamento de monstros no mínimo.



Há muitos cenários re-aproveitados do Symphonia junto com os novos, como as bases da Vanguard. O nível do visual do jogo não é muito diferente do Tales of the Abyss, só um pouco melhor e com suporte a widescreen.



Som
Há muitas músicas que são remixes do Symphonia e as trilhas novas combinam perfeitamente, não há grandes discrepâncias. A maioria dos Tales tem músicas ótimas e este não é diferente. E mais uma vez a música cantada da versão japonesa, "Nininsankyaku" cantada por misono, foi substituída por uma instrumental no ocidente.
Um grande destaque é que todas as skits tem vozes, assim como a grande maioria dos falas. Tirando conversações sem importância com NPCs o jogo tem voz em todos os diálogos e as vozes americanas não devem nada para a versão original.



Emil é dublado por Johnny Yong Bosch, que antes já havia feito o Guy Cecil do Abyss. Neste jogo, Bosch faz quatro vozes diferentes e todas elas diferem do Guy. Ele dá um show a parte, as vezes custa acreditar que é o mesmo dublador. Marta é Laura Bailey, que está ótima e espontânea como a garota-moleca de personalidade forte e parece bem mais a vontade do que como Rise em Persona 4. Kyle Hebert faz um Ritcher marcante, com a força que o personagem precisa enquanto Doug Erholtz marca presença como Decus. A voz de Tenebrae é sensacional, elegante, sarcástico e com reações hilárias muitas vezes. Do grupo original de Symphonia, Colette, Kratos, Presea e Regal mantém seus dubladores originais, e os novos dubladores de Lloyd (Brian Beacock), Genis (Tara Sanders), Raine (Tara Platt), Sheena (Megan Hollingshead) e Zelos (Christopher Corey Smith, que também faz o Tenebrae) são bem próximos dos originais.



Mudanças das versões
Além da mudança da abertura, a versão americana dá um bonus de poder carregar um save completo do Symphonia original para dar itens extras e Gald no começo de um jogo novo. Há algumas mudanças para melhorar o uso das artes, mas nada de extraordinário. A versão europeia conta com os equipamentos de mudar a aparência como comentado, uma galeria de imagens com artworks do jogo e um modo de teatro para assistir as skits coletadas quando quiser.

Conclusão
Um RPG divertido e com uma boa história, Dawn of the New World é um titulo bom para o Wii. Tem muita coisa reciclada, é verdade, mas quando se usa o mesmo mundo a menos que aja uma mudança muito radical de plataforma e de estilo é o mais comum de se fazer.
Quem conhece o Symphonia e é fã tem um jogo ótimo em mãos que explica muitas coisas e dá conclusão em outras sem entrar em conflito com a história original. E mesmo para quem não jogou o anterior é uma história que se sustenta bem sozinha e que prende a atenção por um bom tempo.

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