Tales of Innocence é o nono jogo "principal" (chamada de mothership) da série Tales, produzida pela Namco. Foi um jogo muito bem recebido pelos fãs, mas que nunca foi lançado no ocidente, até que o grupo Absolute Zero lançou uma tradução americana na metade do ano passado.
História
O mundo está em guerra há vários anos, e Ruca Milda (ou "Luca" como na tradução) é o filho de um mercador rico da cidade imperial Regnum, que tem se mantido longe do conflito. Ele é extremamente tímido, com um pai rígido e colegas de escola que o atormentam e o obrigam a fazer o dever de casa. Mas as vezes ele sonha que ele um general chamado Asura durante uma guerra há tempos imemoriais. Asura é o completo oposto de Luca: confiante, poderoso, sociável, as pessoas confiam nele, aquele tipo de que as mulheres suspiram e os homens querem ser como ele.
Um dia Luca estava andando pela cidade e vê um jovem delinquente sendo preso, e logo depois conhece uma jovem chamada Iria Animi. Ela está sendo perseguida por uns soldados, Luca resolve defende-la e com isto ele desperta um poder que ele não sabia que tinha. Após conseguirem escapar por pouco, Iria explica para ele que isto é o poder de um avatar, a re-encarnação de um Deva (deus) e também que há um grupo que está perseguindo e capturando os avatares. Com isto, não é difícil para Luca concluir que ele é a re-encarnação de Asura, e Iria revela ser Inana, a amada dele. Tendo que fugir da cidade para não colocar seus pais em perigo, Luca se junta a Iria na busca por outros avatares como eles para ver se lembram mais de seus passados, mas acabam se envolvendo em uma conspiração e problemas muito maiores do que imaginavam.
Como é um JRPG, é de se esperar que tenha vários momentos cômicos e muito desenvolvimento de personagem, poder da amizade, auto-conhecimento e aceitação, especialmente na parte do Luca. Todos os personagens tem histórias ricas de fundo, tanto da vida atual quanto das vidas anteriores, com muitas motivações e vão tomando decisões que vão escalando até chegar em um ponto bem dramático na história. E a série Tales tradicionalmente tem os "skits", que são cenas extras destraváveis sob certas condições que são diálogos extras e servem para dar um pouco mais de informação. Não são necessários para avançar na história, mas ajudam a entender um pouco mais e conhecer os personagens.
A maioria dos jogos da série tem inspiração de algum lugar. Por exemplo: Tales of the Abyss tem elementos de partituras de música e do cabala, especialmente o sistema sefirofico dos nomes divinos; Symphonia tem vários elementos da mitologia nórdica entre outros. Innocence tem suas raízes na mitologia hindu, com referencias a vários deuses tradicionais e re-encarnação, elementos que são toda a base da história.
Infelizmente é um jogo curto, e poderia ser melhor aproveitado. Há poucos personagens não-jogadores importantes e em alguns pontos podiam ter expandido mais certos detalhes. A guerra que está havendo é pouco explicada, falam mais que é por causa dos avanços tecnológicos e que cansaram do domínio absoluto de Regnum mas isto é tudo, generalizam com um "há mais motivos, mas resumindo é isso". Também falam pouco da vida de Iria ou ainda da ligação dos Milda com a família de um outro personagem do grupo. Tudo isto poderia aumentar um pouco mais do que as 25 horas necessárias para acabar o jogo sem ter comprometido demais as limitações dos cartuchos.
O Jogo
O sistema de batalha é bem tradicional Tales, e neste caso é chamado de "Dimension Stride Linear Motion Battle System" (DS-LMBS), e é uma combinação do sistema de Abyss com o remake para PS2 do Destiny, com movimentos em um campo totalmente em 3D e ataques no ar. Com os direcionais o jogador move o personagem na direção ou para longe do inimigo e pula, há o botão de ataque (que pode ser combinado com os direcionais para combos), o de especiais (que junto com os direcionais pode ser designado para uma habilidade diferente), o botão de acessar o menu e, é claro, o de defesa. Também há o botão para movimento livre, trocar de alvos e o para mudar de personagem. O jogador controla um personagem enquanto o computador controla outros dois e pode seguir estratégias pré-determinadas como "ataque um inimigo diferente", "mantenha distancia", "use itens de cura" entre outros.
Todos os personagens tem o "Tension Gauge" para entrar no estado de "Awakening", que nem o Overlimit de Abyss : a velocidade e o ataque aumentam, diminui o gasto de TP, tempo de invocar magias também cai, é mais dificil de ficar paralisado por um golpe e ativar o "Infinity Jam" onde o jogador pode fazer vários combos por um período de tempo. Também é possível modificar os "estilos" de luta, alterando os status dos personagens e dão bônus equipáveis como +5 de ataque. Há um estilo destravável que é focado em melhorar o uso do tension gauge e habilidar o uso da técnica suprema do modo Awakening: as Mystic Artes (Hi-Ougi), que quando ativado fazem o usuário acessar o poder da vida anterior e reverter a esta forma, causando um dano massivo.
O mundo é relativamente pequeno, há poucas cidades em comparação aos outros Tales, mas como cada lugar é em 3D renderizado na hora com gráficos únicos, não é algo tão ruim.
Há um bom numero de monstros e criaturas no mundo, e tem uma quantidade decente de chefes, cada um com padrões únicos. O problema é que as dungeons vão de dois extremos: ou são fáceis beirando o linear (ou até mesmo lineares), ou são insanamente difíceis cheias de bifurcações e caminhos sem saída de deixar qualquer um perdido. Por mais que eu não ligue de ficar perdida (é bom para grindar personagens) é algo irritante e cansativo.
Outro detalhe digno de nota é que há apenas duas side-quests: a da melhor receita de culinária (que pode passar batido) ou uma torre que só abre antes de entrar na última dungeon, que contém inimigos mais difíceis e prêmios. Também há as missões da guilda, mas são coisas simples como "destrua um numero x de tal monstro", "leve o item para o personagem dentro da dungeon" e "colete x quantidade de tal item". Coisas como melhores armas são compradas na loja da guilda em troca de grades, então basta só enfrentar várias batalhas e ir acumulando.
Gráfico
A série Tales sempre buscou inspiração em animes, e a responsável pelo visual deste jogo trabalhou em vários: Destiny, Eternia, Destiny 2, Rebirth, Tempest... Além de alguns animes como Ususei Yatsura, City Hunter e Gundam SEED.
Os lugares são bem variados, mas seguem vários clichês de RPGs: cidade perto do vulcão, cidade oriental, cidade no deserto, prisão, masmorra... Existem poucos lugares dignos de nota, mas cumprem sua função e todos executados de maneira eficiente.
A maioria dos personagens usa cores neutras ou frias, algo que é incomum em RPGs e games em geral. Não tem nada de extraordinário neles, refletem bem a personalidade de cada um, só que não vão ficar marcados na memória de ninguém.
Existem vários personagens que re-aproveitam modelo, textura ou animação. Possivelmente graças ao cartucho do DS, e é um pouco mais frequente do que a maioria dos RPGs. Como o jogo é curto e há poucos lugares, é irrelevante.
Som
A música de abertura "Follow the Nightgale" é bem agradável, e foi o primeiro Tales a ter uma canção de encerramento, a bela "Say Goodbye & Good Day". Fora isto, são composições bem tradicionais da série e poucas delas chamam a atenção. As músicas de batalha são boas e na medida certa.
Existem vários trechos com vozes e em todas as técnicas o personagem fala o nome. Há uma quantidade enorme de linhas comprimidas no jogo que não deixa a dever a nenhum dos títulos nos consoles de mesa.
Tales of Innocence R
Anos mais tarde a equipe original resolveu fazer um remake
do game baseado nas opiniões dos fãs. O jogo foi completamente re-feito e tem
dois novos membros para o grupo principal. Infelizmente o titulo mais uma fez
ficou restrito no Japão e não há tradução de fãs disponivel ou planos para
traze-lo para o ocidente.
Conclusão
Com uma história complexa e inteligente, Tales of Innocence é um titulo de qualidade para portáteis. Há uma boa gama de variedade na hora de deixar os personagens de acordo com o gosto do jogador e estratégias, com muitos elementos tradicionais da série. É um jogo curto, o que talvez seja uma boa tendo em vista a limitação do tamanho que um cartucho proporciona e sem perder a qualidade. É um bom jogo para quem gosta do gênero.
3 Comentários
Agradeço sempre por ter fãs que traduzem games tão perfeitos quanto este! Apesar do tempo que tenho não ser suficiente pra terminar esse jogo de uma vez ( acredite o jogo bastante ) a estória dele é muito interessante e os gráficos...perfeitos para o Nintendo DS!
ResponderExcluirBelo review!
Ótima analise. Estou me divertindo mais com esse do que com o Vesperia.
ResponderExcluirdescsubFfacza Shane Sallah Here
ResponderExcluirpretabtramin