A série Shin Megami Tensei (ou Megaten como é abreviada) começou em 1986 no Famicom, e com o passar dos anos foram lançando vários novos títulos para os consoles da Nintendo, e é tão tradicional lá fora quanto qualquer SquareEnix e sempre que um jogo novo é lançado ocorre um alvoroço. E foi assim com Shin Megami Tensei: Strange Journey.
A História
Há uma estranha massa negra que surgiu em cima da Antártida, e os cientistas estão perplexos com os dados que conseguiram -e os que não conseguiram. Enquanto estão todos perdidos sem saber o que fazer, esta área negra começou a se expandir e a atingir dimensões alarmantes. Então uma coligação entre as nações prepararam um time de investigação formado por cientistas, técnicos e até mesmo soldados para entrar nesta área, batizada de Schwarzwelt. Divididos em três transportes que são mistos de naves com tanques, eles se aventuram no abismo.
A principio eles ficam surpresos com os arredores, curiosos com o que vêem e tudo o mais, mas logo a situação se agrava: vários equipamentos foram danificados e há chances de não conseguirem voltar para casa. A melhor chance que eles tem é continuar investigando antes que o panico tome conta. Você controla um protagonista das forças americanas (ou japonês na versão japonesa, os produtores criaram ele para ele se encaixar em qualquer nacionalidade que o jogo seja distribuído), da unidade de combate. Usando um traje especial chamado DEMONICA (que é uma mistura de proteção e computador pessoal) logo descobrem que não estão sozinhos, há demônios por todos os lados. Alguns deles interessados em ajudar os humanos, outros nem tanto. E é assim que começa o jogo.
Em Megaten há certos elementos-chaves da história que fazem parte da tradição, como o final do mundo eminente com os demônios dominando o mundo, guerra contra os anjos e múltiplos finais baseados em três alinhamentos: Law (lutar ao lado dos anjos), Neutral (em favor dos homens) ou Chaos (aliando-se aos demônios). As decisões que o jogador faz influenciam no rumo da história de maneira bem perceptível, como em side-quests que podem ser seguidas e em demônios que podem entrar para o seu grupo. Depois de um certo ponto, as missões e os chefes também mudam de acordo com o seu alinhamento, todos com história bem complexa e motivações diferentes.
Além da história principal, as side-quests dão uma profundidade extra ao jogo: algumas são inspiradas em mitologia como a rivalidade entre Kresnik e Kudlak, ou a história de Cu Chulainn; e há outras que não tem nada a ver como o vilarejo das fadas e Anthony, um perdedor integrante do time de investigação que se apaixona por demônios mulheres mas nem elas aguentam ele. Várias destas side-quests dão itens e equipamentos muito bons e liberam novas criaturas.
As dungeons em si contam uma história por si só. Cada uma delas tem um tema diferente, baseadas nos lados mais negativos e sombrios da humanidade, com monstros, aparência e estrutura que refletem isto. Há uma quest que trata justamente desta parte, analisando cada uma das dungeons.
O Jogo
Strange Journey retoma outra característica tradicional: as dungeons em primeira pessoa. A tela de baixo mostra um auto-map que o seu Demonica vai montando conforme vão explorando o local, e as primeiras dungeons são até que simples e rápidas, mas ao chegar na quarta ou quinta as coisas vão se complicando cada vez mais, o suficiente para ficar feliz em ter um mapa tão útil. Com as setas direcionais o jogador anda pelos corredores, enquanto pode usar a stylus para mover o mapa na dela de toque.
Cada área do Schwarzwelt tem sua particularidade, tanto no layout geral quanto em certas armadilhas e outras artimanhas, fazendo cada uma delas uma experiencia única.
O Demonica também é responsável em armazenar os seus demônios e conforme você vai avançando no jogo a quantidade de demônios aumenta. Eventualmente também abre a fusão de demônios, tradicionalmente realizada na Cathedral of Shadows mas desta vez você pode fazer a qualquer hora e lugar.
Para conseguir que os demônios entrem para o seu grupo é só conversar com eles, como nos jogos antigos. Cada um tem um comportamento diferente e exigências também, dependendo do tipo e até mesmo raça (que seriam as classes de demônios). Para alguns basta apenas conversar, outros podem pedir itens, dinheiro ou até mesmo um pouco da sua energia. Mas as vezes eles podem se irritar por nada, não entrar por causa do seu alinhamento ou até mesmo te enganarem para te atacarem quando abaixar a guarda. Alguns demônios podem tomar a iniciativa para começar uma conversa ou até mesmo implorar por suas vidas quando a situação não é favorável.
Em luta o personagem principal não pode usar magias ou técnicas (afinal, estamos falando de um humano sem poderes especiais) mas com duas armas: uma espada e uma arma de fogo. Na verdade, a "espada" envolve lanças e machados também, armas brancas em geral e há uma enorme variedades com propriedades diferentes, assim como armas de fogo.
Os demônios tem suas próprias habilidades e características, com elementos fortes e fracos, e são três demônios por luta ao mesmo tempo, mas o protagonista pode gastar alguns turnos para mudar os que estão presentes. A tela de baixo mostra os status dos demônios, que pode ser tanto os membros do seu grupo quanto os inimigos caso já possua dados o suficiente.
Neste jogo não basta apenas pegar e evoluir alguns poucos demônios, a força não é tudo e isto é válido principalmente nos chefes. Existem certos atributos que podem deixar a luta mais difícil ou mais fácil, e vários chefes fazem o possível para acabar com o seu grupo de uma tal maneira que as vezes parece que eles que estão trapaceando.
Infelizmente uma das inovações do Shin Megami Tensei Nocturne não está de volta: o turno extra da fraqueza elemental. Ao invés disto, quando atinge uma fraqueza todos os monstros do mesmo alinhamento fazem um ataque físico extra, é como uma chance rápida, o inimigo abriu a guarda por um instante e foi realizado o ataque. E apenas isto.
Gráfico
Aqui o gráfico tem um papel importante. Ele não apenas mostra as características particulares de cada uma das áreas do jogo, como cada demônio diferente é visualmente diferente (tirando duas exceções que já são uma característica própria da série), todos devidamente animados e com artwork próprio no registro. Está tudo em movimento, demônios voadores batem asas, tengus dançam e os chefes são tão grandes quanto os tradicionais. É tudo vivo e colorido, com designs de demônios que existem desde as primeiras edições e vários novos, e todos eles tem uma harmonia entre si, sem grandes discrepâncias.
Há algumas cenas em CG, mas não muitas. A grande maioria são da nave passando de área em área e algumas nas cenas finais. Aliás a cena de game over é uma CG e a "dica" que ela dá é assustadora.
Cada area nova do Schwarzwelt é uma surpresa diferente, passando por cavernas, shopping centers, distrito vermelho entre outros. Você nunca sabe o que irá encontrar em seguida. Mas por ser em primeira pessoa, muita gente pode torcer o nariz. Fora isto, o scrolling é muito mais suave e natural que outros jogos em primeira pessoa, como Etrigan Odyssey.
Som
Nesta parte o DS sempre sofreu grandes limitações por causa do formato do cartucho, e Strange Journey sente as consequências. Para começar não há vozes, e como o jogo tem diálogos longos isto faz uma grande falta. Há alguns sons de demônios durante a luta, mas mesmo assim não são algo de se orgulhar e vários efeitos durante a luta são bem genéricos.
O compositor Shoji Meguro fez um pequeno milagre com a trilha: ele conseguiu adicionar uma trilha sonora magnifica, com musicas orquestradas épicas e corais demoníacos impressionantes, uma trilha forte e bem diferente do que se encontra em outros jogos assinados por ele, como Persona. Ele é sem dúvida um músico versátil e criativo, tirando o máximo do DS mas as vezes o portátil falha com ele e a grandiosidade da trilha se perde um pouco, mas nada que estrague.
Veredito
Kazuma Kaneko, que participou de todos os Megaten anteriores e dos dois primeiros Personas como artista e membro criativo da equipe, é o produtor deste jogo explicou que só é chamado de SMT4 por não se passar em Tokyo e foi feito para agradar um público maior. Apesar de todas as mudanças o jogo foi bem fiel as raízes tradicionais da série, enquanto cria novos padrões e faz experimentos para renovar a série. O resultado é um jogo complexo, com alto fator replay e uma boa dificuldade.
Com isto quer dizer que o jogo não é para todos. Ele requer dedicação e paciência, com dungeons intricadas e uma necessidade muito grande de grindar e planejamento cuidadoso, o que pode frustar jogadores mais impacientes. Para os mais tradicionalistas é um prato cheio, ainda mais com uma história complexa e inteligente.
Se tiver paciência para passar horas e horas desbravando uma dungeon em primeira pessoa, enfrentando hordas de demônios enquanto aumenta seus níveis, está aí um bom jogo. Mas para os acostumados com os jogos mais novos - e bem mais fáceis - talvez seja melhor passar bem longe.
Strange Journey cumpre o nome e nos faz mergulhar em uma jornada bem estranha, mas envolvente, para ser jogado e re-jogado várias vezes.
3 Comentários
Taí um game interessante, desde que conheci Shin Megami Tensei ( através da rom do primeiro de SNES ) achei uma séroe magnifica...o modo como misturam tecnologia com demônios é tão louco e bizarro...louco e bizarro o suficiente pra me fascinar XD
ResponderExcluirJoguei muitos até o PS2 ( onde me senti um otário por ter me desfeito do PS2 antes de ter sido lançado o Devil Summoner Raidou Kuzunoha ) mas o Strange Journey com estes dungeons em primeira pessoa foi simplesmente incrivel! Adoro games assim ( Etrian Odissey de DS é mais um que acho foda )e foi uma verdadeira volta as origens da série, apesar de sentir falta dos cenários que usavam como base o japão mesmo.
Então, este jogo só não se chamou Shin Megami Tensei 4 por não se passar em Tokyo, a equipe de produção admitiu isto.
ExcluirA parte de usar tecnologia veio do livro "Megami Tensei" que deu origem a série (sim, a série é baseado num livro!) em que um jovem gênio da computação (na época que ainda usavam disquetes) teve a brilhante idéia de fazer um programa de invocação de demonios só por mera curiosidade. Preciso falar que não acabou bem?
por mim de longe foi o melhor game de Shin Megami Tensei já feito. misturando temas futuristas com a invocação dos Personas(me recuso a chama-los de apenas demônios, já que há anjos,deuses e criaturas folclóricas no panteão de monstros. seria generalizar demais) os gráficos são incríveis, e as músicas são épicas a do primeiro nível, Antlia no subsolo, o som do nível da mesmo a sensação de estar andando nos miasmas do inferno.
ResponderExcluire enfrentar um homem minoutauro que é astrólogo,Morax, é simplesmente wow!!
o game é excelente, zerei ele duas vezes. e matei o Persona/chefe/Demônio supremo do jogo. chamado Demiurge, que ele diz ser Deus(sim, o próprio) no antigo testamento. eu o agreguei,mas não fui muito com a cara dele. fiz quase todas as quest do game e sempre dá vontade de recomeçar. meus personas favoritos é o Ose,Ace Frost,Grendel,Oni,Black Frost,Alliat, os irmãos Jikouten,Zotouchen,Bishamonten e Komoukuten e o poderoso Shiva. não curto a raça dos anjos nesse jogo. sou mais o chaos mesmo.
recomendo fortemente esse game
Hee-Hoo!!