Falar em Square-Enix automaticamente trás as memórias de algum ou alguns dos Final Fantasy, ainda mais com o Advent Children e Final Fantasy VII que recentemente viraram moda por um tempo, ou ainda Kingdom Hearts (que contém sua dose saudável de personagens de fanservice...Digo, Final Fantasy).
De uns tempos para cá, a Square-Enix resolveu fazer atualizações de todos os seus jogos clássicos para os portáteis. Para Final Fantasy I e II eles pegaram o remake atualizado que tinham feito para Wonderswan e depois para Playstation 1. Final Fantasy IV, V e VI pegaram a versão do Playstation 1 e deram uma amenizada, para ficar mais amigável a um console de bolso (convenhamos... Um boss fight de meia hora e quando está quase no final chega sua vez na fila do banco é bem anti-climax). Porém, Final Fantasy III nunca tinha chegado ao público fora do Japão, e nunca tinha recebido nenhum remake sequer, nem no Wonderswan e nem em celulares. Até há pouco tempo.
Final Fantasy III - não confundir com o fato que re-nomearem o Final Fantasy VI no SNES - é um jogo originário do NES, o último Final Fantasy da plataforma. Muitos dos aspectos da jogabilidade original foram facilitados um pouco, mas ele é essencialmente um "old school". O que isto quer dizer? Isto quer dizer que para a nova geração de jogadores, ele pode ser incrivelmente difícil.
Jogadores da época do SNES podem até estar acostumados: enormes dungeons, poucos ou nenhum save point, inimigos aleatórios difíceis que varrem o chão com o seu grupo facilmente se você tiver preguiça de ficar treinando e dando level up. Isto pode assustar a maioria dos novos jogadores, acostumados com ganhar níveis sem ter que bater muito ou poder salvar quando quiser. Mas um lado positivo: pelo menos há Phoenix Downs nesta encarnação (embora não para comprar em shops)
A jogabilidade em si é e não é diferente. É possível controlar tanto pelo D-Pad, os direcionais do seu DS, o que implica uma jogabilidade similar aos outros Final Fantasy no GBA. Ou ainda, pode-se usar a stylus, de maneira simples e intuitiva, fácil de se acostumar.
Ainda as batalhas são baseadas em turnos, e não ATB (Active Time Battle, onde os mais rápidos atacam mais rápido e, portanto, mais vezes). Você que é veterano em RPG logo vai se acostumar em dar seus ataques logo no inicio do turno e esperar, enquanto jogadores mais novos podem ficar um pouco irritados.
O sistema do jogo em si é uma mistura dos jobs de Final Fantasy V - na verdade, a primeira vez que um Final Fantasy teve sistema de troca de jobs e summons foi em Final Fantasy III - e as magias de Final Fantasy I. Isto quer dizer que você pode trocar seus jobs, mas as magias é necessário que compre nos shops. Aliás, a maioria dos equipamentos é encontradas em shops. Cada job tem sua habilidade particular, e enquanto os do começo do jogo são mais 'generalistas', tendo uma enorme gama de opções, os mais próximos do final do jogo tendem a ser mais especializados, e, portanto, muito mais poderosos nas áreas em que se propõem, como Scholar e Viking. Aliás, Final Fantasy III é um dos jogos com mais opções de jobs para se acessar do que qualquer um, isto já na época do NES.
Em termos de visual, o 3D foi muito bem empregado: os gráficos são coloridos, alegres e bem-feitos. As texturas são meio simples devido as limitações do console, mas não deixam de ser muito bem feitas, sendo extremamente bem-executados e vivos. O único problema é a ferramenta de "Zoom", que deforma um pouco os personagens, mas como é algo dispensável - pelo menos na minha opinião - pode passar batido na maioria das vezes. Fora isto, todas as animações e modelos são suaves e as magias são fantásticas.
Aliás, o Zoom só é usado para achar alavancas escondidas, em geral em dungeons levando a algum boss fight.
A história é basicamente a mesma: quatro jovens órfãos notam que o planeta está ruindo, e os próprios cristais dos elementos pedem a ajuda para restaurar o equilíbrio. Simples a principio, mas reserva algumas surpresas aqui e ali, como a história dos magos. E sofreu uma pequena atualização: antes os quatro jovens eram todos adotados pelo ancião do vilarejo de Ur, e nenhum tinha personalidade. Agora, cada um tem personalidade diferente: o principal é Luneth, um jovem corajoso e aventureiro do vilarejo de Ur; seu melhor amigo, o medroso Arc; Refia a filha do mecânico e Ingus, o cavaleiro honrado. Também há o inventor maluco chamado Cid, a dama da água Elize, a princesa delicada Sarah e tantos outros, em um jogo de clima leve e humor bonitinho, mas com dungeons bem desafiadoras.
O som, como é de se esperar, é composto por remixes e re-criações do original, o que não é ruim, pelo contrário. E ainda conseguiram colocar uma abertura linda em CG bem na abertura.
Final Fantasy III é uma salada mista de sensações: para os novatos ou jogadores casuais, pode parecer difícil e com história sem profundidade. Para os veteranos ou ainda quem gosta de um bom RPG, é uma bela fábula que envelheceu bem e recebeu um tratamento digno.
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