Review - Castlevania Judgment (Wii)


Como uma empresa de games com renome pode conseguir dinheiro rápido sem se esforçar muito? A resposta é óbvia: fanservice. Várias companhias já fizeram isto, seja a Square com Kingdom Hearts, Tales com Tales of the World e outros exemplos menos famosos ou sucedidos em RPGs (Cross Edge, Chaos Wars entre outros) e os vários jogos de VS da Capcom (Tatsunoko vs Capcom, Marvel vs Capcom, Capcom vs SNK e inúmeros outros) ou até mesmo o Dissidia em jogos de luta. Basta jogar os personagens favoritos dos fãs, criar uma história qualquer só para ligar os pontos (Cloud e Squall lutando lado-a-lado? Dante batendo no Ghost Rider? Quem se importa o motivo?) e pronto.
A Konami já tinha feito algo parecido com o obscuro DreamMix TV World Fighters para Playstation 2 e Gamecube junto com a Hudson e a Takara e tinha personagens que variavam de Castlevania, Metal Gear, Adventure Island, Transformers, Bloody Roar e uma espécie de "Barbie" japonesa chamada Licca-Chan.
IGA, o principal responsável da série Castlevania, queria fazer um jogo da série para o Wii que utilizasse os controles sensíveis a movimento mas achou que uma aventura tradicional poderia ser cansativa (vide Soul Calibur Legends por exemplo) e resolveu fazer um jogo de luta. Takeshi Obata, ilustrador de Hikaru no Go, Death Note e Bakuman foi chamado para fazer o design dos personagens e o resultado criou tantas controvérsias quanto o próprio produto em si.

A história

Um ser chamado Galamoth (um chefe opcional de Symphony of the Night do PS1 e grande vilão de Boku wa Dracula-kun/Kid Dracula do NES) envia uma criatura chamada "Time Reaper" de 10.000 anos no futuro para destruir seu rival, Dracula, no passado. Um homem chamado Aeon que serve aos mestres do tempo descobre o plano e invoca 13 campeões vindos de diferentes eras para uma fenda temporal. Após coletar a força das treze almas apenas um dos guerreiros pode ser digno de enfrentar o Time Reaper e manter a integridade do fluxo temporal.



A história é apenas uma mera desculpa para ter Simon e Alucard se enfrentando ou ter Sypha, Maria e Shanoa decidirem quem é a melhor maga da série. Alguns detalhes, histórias e personalidades ficaram interessantes, principalmente os personagens de Castlevania III e o Eric de Bloodlines. Outros, como Alucard, Carmilla e Cornell ficaram pouco inspirados ou simplesmente sem importância nenhuma.
O pior ponto do jogo foi a des-caracterização de Maria (Rondo of Blood/Symphony of the Night). Uma das personagens mais queridas da franquia foi reduzida não apenas a um comic relief mas a uma piada de mal gosto com fixação por seios. A escolha de ter o Golem também foi estranha, eles nunca foram nada além de inimigos comuns e alguns poucos chefes. Dá a impressão que ele foi colocado por simplesmente colocar.



Uma das coisas irritantes do jogo é ser obrigado a zerar com todos os personagens pelo menos uma vez para que Aeon possa "coletar as almas" e liberar o verdadeiro modo história para enfrentar o Time Reaper. Dificilmente alguém se importaria de fazer isto com alguns dos personagens como Trevor ou Cornell, mas outros mais difíceis de controlar (especialmente Dracula) pode ser uma experiência terrível. Não que os finais sejam muito inspiradores, há apenas um epílogo escrito e nada além disto.



O jogo

O jogo tem vários modos clássicos, como Story, Arcade, Survival e Versus, mas também tem algumas outras novidade como o modo Castle que é uma espécie de "modo de missão" como se estivesse investigando Castlevania até chegar no Dracula. É um conceito interessante mas que não trás nada de novo ao mesmo tempo.
No modo Story é o mais importante, cheio de cenas extras entre as batalhas e com ocasionais batalhas contra inimigos aleatórios e um mini-chefe no final. Mas como já citado, é obrigatório zerar o modo Story pelo menos uma vez com todos os personagens para liberar a batalha contra o verdadeiro chefe final e isto pode ser um tanto cansativo.



A jogabilidade lembra um pouco o clássico Ergheiz do PS1 com a navegação livre dos cenários. Um botão serve para pular e poder se deslocar melhor nos vários niveis do cenário. Alguns deles tem armadilhas como poços de ácido, zumbis que atacam e clássicos como "ring outs" o que dão um pouco mais de diversidade nas lutas. Existem também candelabros e outros objetos para destruir e pegar sub-weapons e corações como na série clássica com exatamente a mesma função.
Para controlar o personagem é possível usar o Wii remote com o nunchuk para ter os ataques utilizando o sensor de movimento (extremamente impreciso) ou o controle classico/Gamecube/Arcade que é um pouco melhor mas que continuam sendo terríveis para mirar e ter uma boa noção da luta.



Apenas o botão "A" é o botão de ataque, mas combinando com as direções, bloqueio e os outros botões abre a possibilidade de fazer outros ataques e combinações, enquanto o botão "x" executa um hyper (simples assim). O sistema peca em praticamente tudo: diversidade, precisão e profundidade. Faltou refinamento e controle dos personagens. É visível que a Konami não tem experiência no gênero e que falhou em fazer um teste de audiência eficiente.



Gráfico

Enquanto os cenários são maravilhosos, a escolha de Obata para o visual dos personagens foi infeliz. Ele teve a liberdade de re-imaginar os personagens como Ayami Kojima fez em Castlevania Chronicles mas o resultado não foi muito animador.
Aeon é obviamente inspirado em L, Maria é Misa-Misa, Simon poderia se passar pelo Light e Death é o Ryuk de Death Note. Este último, por sinal é nada menos do que uma aberração.
Também é difícil compreender as decisões tomadas para compor o visual do Dracula e do Alucard, ambos ficaram no mínimo esquisitos.



Existem menos roupas alternativas e detalhes do que em Soul Calibur II e III, que são menos de 1/3 do tamanho do jogo. Isto é em teoria compensado pelos acessórios que são liberados com o tempo, mas eles também não são interessantes e alguns bem que poderiam ter alguma animação como a fairy familiar. Com tão poucos personagens (14) merecia mais material.

Som

A trilha sonora não tem como errar: remixes de Castlevania, variando de clássicos do NES até os mais recentes. A trilha é sensacional, uma das melhores remixagens da série.
Um dos pontos positivos do jogo é ter a opção de audio em japonês ou inglês. Embora as vozes americanas sejam boas há exceções, para qualquer puritano esta opção é muito bem-vinda.



Conclusão

Não recomendaria este jogo, principalmente para quem gosta da série. Ouça a trilha sonora e veja os vídeos do story mode do Simon, Trevor, Sypha e Grant pois é só isto que presta.


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