Dossier : Série Persona


Semana que vem a Atlus lança o mais novo jogo da série Persona, que completou 20 anos.
Um spin-off de Shin Megami Tensei, a série é bastante popular no Japão e no ocidente, sendo uma das franquias de JRPG mais importantes da atualidade, como Final Fantasy.  E assim como a série da Square, os games são independentes e com sua história contida, mas com elementos em comuns.
O conceito de “Persona” foi baseado no psicanalista suíço Carl Jung, que diz que há uma face que o individual apresenta para a sociedade, uma máscara criada para ocultar a natureza do individual. No game, o Persona é a manifestação do seu verdadeiro eu, a força interior de cada um que só pode ser adquirido plenamente quando a pessoa não tem medo de encarar seus lados mais sombrios...E com isto invocar um poder inimaginável para combater demônios ou sombras.  Também há outros elementos Junganos, mas não é necessário entende-los para curtir o game, mas dão uma profundidade maior na história para quem quiser passar alguns momentos meditando.
Outro elemento comum é a Velvet Room, uma sala onde um homem esquisito com olhos assustadores e um nariz comprido chamado Igor ajuda os personagens a invocarem novos Personas, além de outros serviços. Por fim, todos os Personas são classificados nos arquétipos de carta de tarô, com características baseadas nos significados das cartas.
Os dois primeiros jogos (ou três, dependendo de como conta) também tem elementos baseados em H.P. Lovecraft. Mas referencias são bem comuns não apenas em Persona, mas em todo SMT.
Vamos relembrar este vinte anos de games?

Shin Megami Tensei: if... foi o ponto de partida para a série Persona. Lançado originalmente para o SNES, o game é um spinoff da série SMT e já começa estabelecendo vários elementos que continuam presentes em Persona, como o fato dos personagens serem estudantes colegiais e ter uma forte carga que questiona os valores da sociedade –bullying neste caso – e a parte mais psicológica. Dependendo de quem acompanha o personagem principal (que pode ser um homem ou mulher, mas no canon é a garota), o jogo pode ter cinco caminhos diferentes. Quatro deles são baseados nos sete pecados capitais, que abordam a natureza e as conseqüências dos pecados; enquanto o quinto se concentra em uma torre, similar a Persona 3.  Também lançado uma versão para os celulares japoneses que é uma espécie de ‘prequel’, narrando os fatos que levaram aos acontecimentos do game. Infelizmente Shin Megami Tensei: if... nunca foi lançado fora do Japão e não há traduções de fãs.
ATUALIZAÇÃO: Uma tradução em inglês foi lançada em 2018.



Persona foi lançado para o PSx em 1996, carregando “Megami Ibunroku” no nome – “A Lenda da Outra Deusa”, indicando sua relação com a série Shin Megami Tensei (que por sua vez significa “ A Verdadeira Reencarnação da Deusa”).
Um grupo de estudantes da escola St. Hermelin em Mikage-cho realiza um ritual chamado Persona, uma destas lendas urbanas bem comuns por lá. Porém, todos os envolvidos perdem a consciência e vêem um homem chamado Philemon que lhes dá a habilidade de invocar Personas. Uma professora, preocupada com os alunos, manda o grupo para o hospital onde resolvem visitar uma amiga que está doente. Há um terremoto, e quando as coisas se acalmam a cidade está mudando e há demônios por todos os lados.
Por ser o primeiro jogo da série, ele tem vários elementos em comum com SMT, como as dungeons em primeira pessoa, conversar com os demônios e o sistema de fases da lua. Porém, o conceito de Personas, Velvet Room e as ligações com o tarô começaram a partir deste momento.
Uma das coisas que mais marcou o lançamento para os ocidentais não foi a dificuldade (que foi diminuída), mas sim a péssima localização que tentou “americanizar” o máximo possível o game, e foi muito criticado. Todos os personagens foram renomeados e tiveram seus visuais mudados (com destaque a uma garota que ficou loira e um rapaz que ficou negro) e todas as referencias a cultura japonesa foi removido, além de uma quest que não foi traduzida.  A versão remake do PSP não sofreu estas alterações.

Em Persona 2: Innocent Sin a história segue Tatsuya Suou e seus amigos. Há uma lenda urbana que diz que se a pessoa realizar um ritual e ligar para o próprio celular o “Mestre Joker” irá realizar o seu desejo. Entretanto, o poder dos rumores podem ter resultados catastróficos para todos os envolvidos. Por algum motivo, este tal Joker quer matar o protagonista e os outros e então passa a enviar demônios para atacá-los.
Neste jogo vários elementos são mudados: agora as dungeons são em terceira pessoa, não há mais as fases da lua ou múltiplas armas para o mesmo personagem. Também foram introduzidos as Fusion Spells, que ocorrem quando dois personagens realizam a mesma magia juntos e aumentam o poder de ataque. Também é a primeira vez na série que introduzem o “Shadow Self”, a versão ‘Sombra” dos personagens – que é uma evolução de um conceito que já apareceu no primeiro game.
Com as criticas da localização do jogo anterior e vários elementos controversos, este jogo se manteve inédito no Ocidente até uma tradução de fã surgir e depois a versão remake do PSP recebeu uma versão oficial. Tanto esta versão quanto o remake do primeiro Persona podem ser adquiridos pela PSN.
Persona 2 : Eternal Punishment é uma seqüência direta do jogo anterior. Maya Amano, uma das personagens de IS, está investigando um rumor sobre uma lenda urbana conhecida como JOKER, que mata as pessoas de maneiras horríveis a pedido dos outros. Ela também se vê esbarrando com um rapaz que ela chama de “garoto deja vu”, que ela tem certeza que conhece de algum lugar mas não sabe da onde.
Este jogo refina as mecânicas do anterior, mas não há muitas novidades. Por ser uma continuação direta, muito da história depende se o jogador zerou o outro game. O problema é que o IS nunca teve uma tradução oficial, então quem jogou EP na época do lançamento – quando a internet não era muito comum ou abrangente – não entendeu nada.
Ironicamente, quando o jogo teve o remake do PSP o sistema já estava no final da vida útil e ele não foi traduzido oficialmente em inglês, então quem quiser jogar os dois terá que se contentar com o remake de IS e a versão PSOne Classic.

Persona 3 iniciou uma mudança radical na série, dando inicio a um novo ciclo. A equipe anterior saiu da Atlus, o arco de história anterior foi concluído e o PS2 foi o novo console escolhido. Agora completamente em 3D, o jogo agora conta com uma influencia dos visual novels com os gráficos dos personagens em cenas de dialogo entre outras novidades.
O protagonista é transferido para uma nova cidade, onde ao chegar em um dormitório acaba descobrindo que em Tatsumi Port Island há uma 13ª hora entre a meia-noite e a uma da madrugada, onde o tempo pára para as pessoas normais e sombras rondam a cidade. Além disto, uma torre gigantesca surge onde fica a escola e um grupo de estudantes com Personas é encarregado de investigar. Além disto também há a Sindrome da Apatia, em que pessoas perdem a vontade de viver.
Além dos ambientes em 3D e dos gráficos de diálogos, o jogo também conta com dungeons geradas aleatoriamente. Agora, não há mais demônios mas sim Sombras,  que são separados dos Personas ao contrário dos títulos anteriores. Também houve a introdução do calendário, em que o jogo se passa no decorrer de um ano e elementos de história pré-definidos ocorrem em datas especificas mas os outros dias o jogador que decide o que fazer. E também há os Social Links, que são histórias extras de NPCs, cada um representando um arcana do tarô e ao completar o rank máximo o melhor Persona deste arcana é liberado. Também há a possibilidade de arrumar uma namorada (elemento que existia de forma primitiva em Persona 2 Innocent Sin).
Em um certo ponto lançaram a versão FES, que adiciona um capitulo de epilogo explicando o que aconteceu no final do jogo com mais detalhes e as repercussões, além de amarrar as pontas soltas e oferecer uma conclusão aos outros membros do grupo.
Em seu remake, Persona 3 Portable, foi adicionada a versão da protagonista feminina, com melhorias em certos aspectos do sistema de batalha e novos  Social Links. Entretanto, as Fusion Spells foram eliminadas e não há o capitulo “The Answer”, o ponto principal de FES.
Eventualmente foram lançado quatro movies contando a história do game de maneira resumida, mas sem perder o conteúdo.
Persona 4 consolidou a identidade única da série que o game anterior construiu e aprimorou os elementos novos ainda mais. Lançado no final da vida útil do PS2, quando o PS3 ainda estava começando, o jogo foi um grande sucesso e revitalizou a Atlus.
Com os pais tendo que ir morar no exterior, o protagonista se muda para a cidade de Inaba para passar um ano com seu tio. Infelizmente, assim que ele chegou também foi o inicio de uma série de assassinatos bizarros na região. Um rumor que fala do “Midnight Channel” (Canal da Meia-Noite) diz que quem olhar uma TV desligada a meia-noite irá ver sua alma gêmea – na verdade, a televisão é uma janela para outro mundo onde as Sombras vivem...
Há poucas mudanças nas mecânicas deste jogo para o anterior; exceto que agora o jogador pode controlar todos os membros do grupo (antes era a inteligência artificial) , mudança que foi implementada na versão portátil do Persona 3. 
Na época a Atlus estava com problemas financeiros e acabou fazendo o Persona 4 com sérias restrições – tanto que usaram uma versão modificada da engine de Persona 3 e há vários elementos do mesmo nos arquivos do Persona 4. Porém, com a compra da empresa pela SEGA e a popularidade do jogo eles re-lançaram o game para o Vita.
Em Persona 4: The Golden há vários novos elementos, como dois Social Links que não existiam no original mas são importantes não apenas para complementar a história principal, mas para clarificar certos pontos da história e tapar buracos. Também há novos eventos, como ida a praia e a uma estação de esqui, a possibilidade de ir para a cidade grande passar o dia, uma dungeon nova e extremamente difícil, entre outros.
O game foi tão popular que teve três sequências: Persona 4: Dancing All Night , um jogo de dança; e os jogos de luta Persona 4 Arena e Persona 4 Arena Ultimax, feita em conjunto com a Akys (a mesma de Guilty Gear). Também foram feitos duas séries de anime, uma baseada em Persona 4 e outra, complementar a anterior, com os eventos do The Golden.
Mais uma vez a série rompe os paradigmas com Persona 5 e chega ao Playstation 3 e 4 com várias novidades.
Desta vez, o protagonista cometeu um crime e está em liberdade assistida e tem um ano para provar que está apto a permanecer em sociedade – e também está sendo julgado por Igor, o responsável pela Velvet Room. Durante o dia, o jovem tem que andar na linha e estudar, mas de noite ele e seu grupo são os Phantom Thieves of Hearts, que roubam tesouros de corações de adultos corruptos.
Os demônios estão de volta e negociar com eles também; assim como as dungeons pré-prontas – uma das criticas ao Persona 3 e 4 é que os lugares eram um tédio: quadradinhos, bloquinhos, sem muita inspiração.  Os Social Links agora são os Confidentes, e há outras mudanças significativas no game.
Persona 5 estará disponível para jogar a partir do dia 4 de abril.
ATUALIZAÇÃO: Uma versão atualizada chamada Persona 5 Royal foi lançada exclusivamente para o PS4, além de um jogo Persona 5 Dancing Star Light e Persona 5 Scramble que é exclusivo para o Switch e lançado apenas em japonês.




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