A série Tales é bem tradicional no Japão e vários títulos não vieram pro ocidente, como é o caso do Tales of Innocence que teve tradução de fãs e vários outros como Tales of Rebirth e Tales of Hearts. Há um sub-gênero da série que são chamados de "Tales of the World" e começaram no Gameboy Color mas nunca saíram da ilha do sol nascente. Esta série, que integra a linha "Escort" (ou seja, "Spin-off") é como se fosse um Kingdom Hearts entre os jogos de Tales. Para quem não sabe porque esteve em uma caverna, outra galáxia ou simplesmente não se importa com RPGs/games, é um jogo em que pegam os personagens de vários outros jogos e colocam em um outro com uma história amarrando todos. Mas ao contrário de Kingdom Hearts que são vários mundos cada um com uma temática (um mundo de Final Fantasy, um mundo da Pequena Sereia, um da Bela Adormecida), em Tales of the World temos um mundo só, com algumas menções raras de outros.
Por algum motivo a Namco resolveu publicar um deles no mercado americano. Tales of the World - Radiant Mythology é o 5º jogo desta linha, o primeiro para PSP e o primeiro com tradução oficial.
A história
O protagonista (criado pelo jogador e pode ser um rapaz ou uma garota) acorda aos pés da World Tree e depara com uma criatura branca estranha. World Tree é um elemento muito comum em Tales, também chamada de Mana Tree, é uma arvore gigante que recicla e mantém a mana do mundo equilibrada, e é isso que mantém o mundo vivo. Desde animais, plantas, humanos e até os monstros, todos precisam da World Tree. Este bicho branco, chamado Mormo, veio de um outro mundo chamado Yaoon e ele fala que o protagonista é um "descender", criado pela arvore especialmente para defende-la em momentos de crise. Há uma criatura que está ameaçando a arvore de Terresia, Mormo veio avisar e ajudar o protagonista a impedir que aconteça o mesmo que houve no mundo dele. Nisto, a dupla ouve um grito e ao investigar eles encontram uma garota sendo atacada por um soldado.
Ao derrotar o soldado, a garota se apresenta. O nome dela é Kanonno e ela é de uma cidade vizinha chamada Ailily que está sob a mercê de um tirano chamado Ganser. Ela faz parte de um grupo chamado Ad Libitum que tem como objetivo ajudar as pessoas, combater a opressão e trazer justiça. Mormo sugere ao jogador entrar na tal guilda, assim além de conseguir pistas sobre o tal "devorador de mundos" que está ameaçando a arvore, também está ajudando o mundo como um todo de certo modo, então meio que une o útil ao agradável.
E tudo isto nas primeiras horas de jogo, há ainda um pouco mais se surpresas na história principal, mas nada muito além do esperado. O enredo vai se revelando aos poucos, com pequenas pistas e logo dá para ter uma ideia do que se trata, mas não toda a extensão até chegar na última cidade (são três cidades), cada uma com seus próprios NPCs de suporte.
Falando em NPC de suporte, vamos falar de fanservice...Digo, personagens de outros Tales. Há 5 personagens que só fazem parte da história mas não são recrutáveis (Garr e Philia de Tales of Destiny, Nanaly e Harold de Tales of Destiny 2 e Annie de Tales of Rebirth) e 14 que podem entrar na sua party. Todos eles mantém os dubladores originais e até mesmo a personalidade foram mantidas, feitas as devidas adaptações para se encaixar no mundo. Lloyd, Raine e Genis continuam amigos de infância, Rutee e Stahn continuam na mesma relação de sempre, Senel continua sendo mal-educado enquanto procura a irmã e Tear está guiando (ou ao menos tenta) Luke de volta para a mansão depois de ambos causarem a hiper-ressonância e pararem em um lugar totalmente desconhecido.
Não há vilões conhecidos da série Tales, mas há 3 originais. Como o enredo é simples, sem grandes maquinações, é um numero bem apropriado. Este jogo tem uma história muito mais leve e menos complexa que a série comum, sendo ideal para introduzir novos jogadores e fazer a felicidade dos veteranos.
Como o protagonista é mudo, Mormo serve de voz para as conversações. Ele é frequente alvo de brincadeira mas também é bom em explicar certas coisas da história. Embora não lute, ele é bem útil já que ao apertar Start ele se oferece para dar um teleporte para a saída da dungeon (quem precisa de Exit, Traesto ou Hinas se o mascote faz isto de graça?). Mormo também aparece na sequencia (que não foi lançado no ocidente) como o organizador da arena.
O jogo
Ele usa o sistema do Tales of the Abyss, chamado de "Linear Motion Battle System". É bem simples: com os direcionais move-se pelo campo para frente e para trás com pulo e ao usar o botão R serve para mudar de alvo, botão de ataque que pode ser combinado com direcional, o bloqueio, um botão para trazer o menu e o de habilidades especiais que em combinação com os direcionais também executa movimentos diferentes determinados antes da batalha no menu de "Artes". O jogador controla apenas um personagem por vez enquanto a inteligencia artificial controla os outros 3 com estratégias pré-determinadas, mas se pode mudar o controle quando quiser. E mais uma vez há um Overlimit Gauge para executar combos ou Mystic Arts (Hi-Ougi) quando ativados.
Cada personagem vem com suas próprias habilidades vindas dos seus jogos originais e o protagonista pode escolher entre 10 jobs diferentes, cada um com suas artes, Mystic Artes e equipamentos. 4 classes são disponíveis desde o começo e as outras são liberadas conforme certos requerimentos são alcançados. Mas cada um destes jobs tem o próprio nível, então ao começar um novo é preciso re-começar do level 1. Depois de saber algumas manhas e ter NPCs mais fortes para acompanhar (além dos genéricos criados com base nos seu níveis nos jobs que não valem tanto a pena já que eles não mantém a experiência quando saem do seu grupo, ao contrário dos personagens de Tales) não é tão ruim.
Fora isto, o jogo é dividido em missões a serem feitas de maneira livre na guilda. Cada missão vale um valor determinado e ao chegar em um certo valor libera uma missão de história. Toda vez que se completa uma a lista de missões muda e vão de derrotar um numero de monstros, salvar pessoas sequestradas, fazer itens e até mesmo enfrentar os personagens de outros Tales. Todas as missões dão Gald, Grade e itens, inclusive alguns equipamentos especiais só podem ser conseguidos nestas quests. Algumas missões pedem membros específicos no seu grupo, enquanto outras é livre para chamar o personagem para participar. Uma coisa que pode ser irritante é que nem sempre um NPC de Tales vai graciosamente topar entrar no seu grupo, tudo depende da amizade e de quem já está no seu grupo.
Neste jogo também tem os "Titles", títulos que mudam alguns status do herói, um hábito comum de Tales. Alguns se consegue na história e não fazem diferença, como "Ad Libitum" e outras podem aumentar o número de experiência recebida por batalha ou recuperar energia com o tempo.
E como era de se esperar, as skits estão de volta. Existem algumas que acontecem quando entra nos lugares depois de umas certas condições e há outras que ocorrem nas dungeons e são ativadas da maneira clássica: apertando Select. Algumas tem vozes, outras não. A grande maioria não tem conseqüência na história mas é divertido ver os personagens de diferentes jogos interagirem.
Gráfico
Tales sempre é padrão de qualidade gráfica, mesmo com as limitações do PSP. São três cidades e várias dungeons e muitos personagens únicos.
As cidades são mapas com lugares onde se pode visitar, e estes lugares são modelados 3D com os NPCs e dá para conversar com eles. São áreas simples, mas dão uma certa "liberdade" mas não há muito o que fazer.
Já as dungeons são areas simples e em geral meio "quadradas", por blocos. Há muito re-aproveitamento das texturas dos lugares o que é comum e várias delas são bem tradicionais. Porém a maioria das dungeons são bonitas e bem-feitas, não são cansativas de se olhar e tem muitos detalhes.
O que chama a atenção é o figurino do protagonista: tudo que colocar nele irá modificar a aparência. Arma, calça, peitoral, luvas. Cada pequeno detalhe faz toda a diferença. Poucos jogos são tão detalhistas quanto a isso, exceto talvez os Phantasy Star da linha Universe (incluindo os do PSP).
Uma das minhas maiores críticas é que todas as skits são de estilo gráfico do jogo original. Não é problema com os mais novos, como Legendia ou Rebirth, mas alguns simplesmente estão muito datados, como os do pessoal do Phantasia e do Reid. Nada que atrapalhe, mas é uma diferença gritante.
Som
Todos os personagens tem as vozes próprias de batalha, muitas sequencias são dubladas (inclusive as skits como já comentei) e todas são feitas de maneira bem profissional. Há três vozes para cada gênero para o personagem principal, não é muito mas é um bom numero. Minha única critica é a voz da Kanonno, que é extremamente irritante (mas combina com a personalidade dela)
Há várias músicas que são remixes de jogos anteriores e há algumas peças inéditas que não são muito inspiradas, mas são suportáveis. A música de abertura, Hikari to Kage cantada por Kana Uemura, foi cortada da versão americana e substituída por uma instrumental (o que também é comum da série, infelizmente)
Não há o que reclamar.
Conclusão
É um jogo divertido para se jogar quando não quer muita preocupação com enredo, algo mais sem compromisso. É um destes que sempre há algo para se fazer, pede alguma dedicação para certas coisas, mas não tem grandes ambições.
1 Comentários
Eu tô jogando esse game e achei melhor que alguns games que jogava na infância!!
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